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Papa reza pela “Síria dilacerada” durante encontro com refugiados

24 mai, 2014 • Filipe d’Avillez

Francisco pediu à comunidade internacional que não abandone a Jordânia, que acolhe neste momento cerca de 1,3 milhões de refugiados, na sua maioria sírios.  

O Papa Francisco voltou a pedir pela paz na Síria, "dilacerada por uma luta fratricida" que "já ceifou inúmeras vítimas", e exortou o mundo a não abandonar a Jordânia, no seu esforço de acolher refugiados do mundo árabe que se encontram naquele país, esta tarde.

“Faço apelo à comunidade internacional para que não deixe a Jordânia sozinha a enfrentar a emergência humanitária provocada pela chegada ao seu território de um número tão alto de refugiados, mas continue e incremente a sua acção de apoio e ajuda”, afirmou. 

Seguidamente o Papa voltou a rezar pela paz na Síria, de onde são oriundos a esmagadora maioria dos que actualmente buscam refúgio no Reino hashmita: “Renovo o meu apelo mais veemente pela paz na Síria. Cessem as violências e seja respeitado o direito humanitário, garantindo a necessária assistência à população que sofre! Todos ponham de parte a pretensão de deixar às armas a solução dos problemas e voltem ao caminho das negociações.”

“Na realidade, a solução só pode vir do diálogo e da moderação, da compaixão por quem sofre, da busca de uma solução política e do sentido de responsabilidade pelos irmãos”, insiste o Papa que, improvisando, criticou duramente o comércio das armas.

"É nisto que radica o mal: no ódio e o desejo do dinheiro dos fabricantes e vendedores de armas. Isto deve fazer-nos pensar, quem são estes que dão a todos os que estão em conflito as armas, para continuarem em conflito. Pensemos e rezemos nos nossos corações por estes pobres criminosos, para que se convertam."

“Deus converta os violentos e aqueles que têm projectos de guerra e reforce os corações e as mentes dos agentes de paz e os recompense com todas as bênçãos”, concluiu o Papa.

Rezar no Jordão
A última intervenção pública de Francisco teve lugar em Betânia, junto ao Rio Jordão, no local onde se acredita que Jesus Cristo tenha sido baptizado por João Baptista e onde o Papa se encontrou esta tarde com refugiados e deficientes.

À chegada, o Papa rezou longamente, e sozinho, no local preciso do baptismo. Depois, evocando esse momento da vida de Jesus, Francisco falou da capacidade que Cristo tem para sarar as feridas da humanidade e voltou a falar da Síria.

“Não cessa de nos impressionar esta humildade de Jesus, que Se debruça sobre as feridas humanas para as curar. Ficamos profundamente tocados com os dramas e as feridas do nosso tempo, especialmente as feridas provocadas pelos conflitos ainda em curso no Médio Oriente. Penso, em primeiro lugar, na Síria, dilacerada por uma luta fratricida que dura desde há três anos e já ceifou inúmeras vítimas, obrigando milhões de pessoas a tornarem-se refugiados e exilados noutros países.”

Neste sentido, o Papa pediu de forma especial aos jovens que não se deixem levar pelas suas frustrações e dificuldades: “Peço que vos unais à minha oração pela paz. Podeis fazê-lo também oferecendo a Deus as vossas fadigas diárias, tornando-se assim particularmente preciosa e eficaz a vossa oração. Encorajo-vos a colaborar, com o vosso empenho e a vossa sensibilidade, na construção duma sociedade respeitadora dos mais frágeis, dos doentes, das crianças, dos idosos. Apesar das dificuldades da vida, sede sinal de esperança.”