O Papa Francisco realçou esta manhã as dificuldades vividas pelos milhões de deslocados que se têm refugiado na Jordânia.
No seu primeiro discurso desta peregrinação à Terra Santa, feito já depois de uma recepção formal no palácio dos reis da Jordânia, o Papa sublinhou o esforço feito pelos jordanos no acolhimento a vítimas das várias guerras da região, respondendo desta forma a um discurso inicial do Rei Abdullah, em que o monarca apelidou Francisco de "consciência do mundo" e elogiou a forma como recordou à humanidade que a palavra "pontífice" significa "construtor de pontes".
“Este país oferece generoso acolhimento a um grande número de refugiados palestinianos, iraquianos e vindos de outras áreas de crise, nomeadamente da vizinha Síria, abalada por um conflito que já dura há muito tempo. Tal acolhimento merece a estima e o apoio da comunidade internacional”.
Segundo dados da ONU, existem na Jordânia cerca de 1,3 milhões de deslocados, sobretudo do Iraque e da Síria. Só entre palestinianos, contudo, há mais de três milhões, sobretudo descendentes de refugiados que estão no país há décadas e que actualmente constituem cerca de 60% da população.
O Papa sublinha que a Igreja Católica, nomeadamente através da Cáritas local, quer continuar a ajudar a cuidar destas populações, ao mesmo tempo que realça a necessidade de se encontrar “uma solução pacífica para a crise síria, bem como uma solução justa para o conflito israelo-palestiniano”.
“Aproveito esta oportunidade para renovar o meu profundo respeito e a minha estima à comunidade muçulmana e manifestar o meu apreço pela função de guia desempenhada por Sua Majestade o Rei na promoção duma compreensão mais adequada das virtudes proclamadas pelo Islã e da serena convivência entre os fiéis das diferentes religiões".
Olhando para o Rei, e fugindo ao texto preparado, o Papa disse: "É um artífice da paz. Obrigado!".
O exemplo da JordâniaPor fim, o Papa dirigiu-se de forma especial aos cristãos na Jordânia “presentes no país desde a era apostólica”, que “oferecem a sua contribuição para o bem comum da sociedade na qual estão plenamente inseridas. Embora hoje sejam numericamente minoritárias, conseguem desempenhar uma qualificada e apreciada acção no campo da educação e da saúde, através de escolas e hospitais”.
Ao contrário de muitos países do Médio Oriente, os cristãos na Jordânia praticam a sua fé sem quaisquer constrangimentos, algo que o Papa não deixou de enfatizar, deixando um recado para outros países da região, recordando que a liberdade religiosa: “é um direito humano fundamental, esperando vivamente que o mesmo seja tido em grande consideração em todo o Médio Oriente e no mundo inteiro”.
Ainda no âmbito da liberdade religiosa, o Papa elogiou os reis da Jordânia por promoverem o diálogo inter-religioso e um entendimento, na sua opinião, “mais adequada”, das “virtudes proclamadas pelo Islã e da serena convivência entre os fiéis das diferentes religiões”.
A
visita do Papa à Terra Santa começou este sábado e prossegue depois do almoço com uma missa campal e, mais tarde, uma visita ao local do baptismo de Jesus e um encontro com refugiados na Jordânia.
Domingo, o Papa visita a Palestina e Israel sendo que à tarde se realiza o encontro com o Patriarca de Constantinopla, "primus inter pares" dos líderes das Igrejas Ortodoxas.
A peregrinação termina na segunda-feira, com o regresso a Roma.