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Violência anti-islâmica aumenta tensão eleitoral na Índia

02 mai, 2014 • Filipe d’Avillez

A matança de 11 muçulmanos no Estado de Assam colocou no centro das atenções o candidato a primeiro-ministro Narendra Modi, do partido nacionalista hindu, BJP.  

Violência anti-islâmica aumenta tensão eleitoral na Índia
Onze muçulmanos foram assassinados, na noite de quinta para sexta-feira, no Estado do Assam, na Índia, fazendo aumentar a tensão sectária em época de eleições.

As autoridades suspeitam que os assassinos sejam de um grupo rebelde constituído por membros da tribo Bodo, que vive naquele Estado e queixando-se da ocupação do seu território ancestral por parte de imigrantes ilegais, na maioria muçulmanos, do Bangladesh.

Entre as vítimas, mortas em casa, estão pelo menos duas mulheres. Um bebé ficou ferido.

Apesar de localizado num estado periférico, o incidente tem um potencial explosivo em tempo de eleições, num país com longo historial de violência sectária. Já se registaram algumas manifestações de protesto por parte de comunidades muçulmanas noutros pontos do país.

A matança colocou ainda no centro das atenções o candidato a primeiro-ministro Narendra Modi, do partido nacionalista hindu, BJP. Modi, que já foi acusado de ter incitado motins anti-islâmicos em 2002 no Estado de Gujarat, do qual era governador, já se tinha referido à situação em Assam, avisando que caso ele ganhe as eleições, os imigrantes ilegais muçulmanos devem “ter as malas feitas”.

Embora a maioria dos habitantes do Assam sejam hindus, esta não é a religião do povo Bodo, que pratica na sua maioria o Bathuísmo, uma religião tradicional.

Por toda a Índia o Hinduísmo é maioritário, mas existe uma significativa minoria muçulmana e um historial de conflito entre os dois. Há ainda uma minoria cristã, que se tem queixado de perseguições, sobretudo em Estados ou regiões em que o BJP governa, como em Orissa, onde em 2008 foram mortos dezenas de cristãos por extremistas hindus.

As eleições na Índia, o maior evento democrático do mundo, decorrem ao longo de várias semanas. Narendra Modi é um dos principais candidatos, o outro é Rahul Gandhi, do Partido do Congresso, actualmente no poder.