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França diz que morte de refém lusodescendente não ficará impune

23 abr, 2014 • João Pedro Vitória

Homem de 61 anos estava em poder de um grupo de radicais islâmicos do Mali.

A morte de um cidadão de origem portuguesa no Mali não ficará impune, garante o Presidente francês. François Hollande afirma, em comunicado divulgado esta terça-feira à noite, que as autoridades tudo farão para “saber a verdade” sobre o que aconteceu a Gilberto Rodrigues Leal, cidadão francês de origem portuguesa, sequestrado no Mali no final de 2012 por radicais islâmicos.

As circunstâncias da morte deste homem, de 61 anos, estão envoltas em incerteza. Não se sabe se Gilberto Rodrigues Leal foi assassinado ou se a sua morte teve outras causas, às mãos dos jihadistas.

A última vez que a família teve notícias de Gilberto Rodrigues Leal foi em Janeiro de 2013. O cidadão francês de origem portuguesa estava há dois meses nas mãos do Movimento para a Unicidade e a Jihad na África do Oeste (MUJAO).

Tinha sido sequestrado quando viajava numa autocaravana proveniente da Mauritânia. Naquela altura, no final de 2012, o Mali vivia um vazio de poder, depois de um golpe de Estado que abriu caminho aos grupos extremistas.

Passado ano e meio, os sequestradores anunciam que Gilberto Rodrigues Leal morreu. Não se sabe se foi uma retaliação contra França, Estado considerado inimigo pelos jihadistas, ou se a sua morte teve outras causas.

À família do franco-português, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês terá dito que Gilberto Rodrigues Leal morreu de uma doença, enquanto sequestrado, um problema de saúde que não terá sido possível tratar.

O Governo português, contactado pela Renascença, diz estar a procurar recolher mais informações, sublinhando que Portugal não tem representação diplomática no Mali.

Aquele país procura sair de uma crise territorial e institucional que deu os primeiros sinais de normalização com a eleição de um novo Presidente, no Verão de 2013, mas as autoridades de Bamako depressa pediram ajuda a França, que entre Janeiro e Abril deste ano teve no terreno uma missão militar para travar o avanço de radicais tuaregues e salafistas. A União Europeia também está no país: até 2016, militares dos “28” têm como missão formar o exército do Mali.