Tempo
|

Parque das Nações ganha “igreja do século XXI”

29 mar, 2014 • Ângela Roque

Nova igreja em Lisboa vai ser inaugurada este domingo pelo Patriarca. Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes demorou uma década a passar do papel à realidade.  

Parque das Nações ganha “igreja do século XXI”
Nova igreja em Lisboa vai ser inaugurada este domingo pelo Patriarca. Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes demorou uma década a passar do papel à realidade.
A Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes fica no Parque das Nações, o local onde decorreu a Expo '98, e que deu origem a uma nova zona habitacional da cidade e a uma nova freguesia.

Com uma torre de 40 metros, a igreja foi pensada para não passar despercebida. “Tem cerca de 40 metros de altura, acompanha mais ou menos a altura dos prédios que estão à volta e a altura do tabuleiro da ponte Vasco da Gama, que está em fundo. Portanto, ela torna-se também um marco, quase como um farol que aqui aponta caminho e identifica o lugar”, sublinha o padre Paulo Franco.

“Sempre foi um dos princípios do programa iconográfico que a igreja fosse visível e que fosse clara a sua identificação, que se percebesse que há ali alguma coisa importante e que se percebesse que é uma igreja, um lugar da presença de Deus. Mas tem outros elementos: a entrada principal da igreja tem a Cruz em negativo. Na altura, falou-se da retirada dos símbolos religiosos, e, em brincadeira, o arquitecto dizia: 'Bem, aqui para tirar este símbolo têm de o destruir, não há outra hipótese'. É também um elemento muito forte na arquitectura, a entrada com a Cruz, um bocadinho fazendo alusão a essa referência bíblica em que Cristo é a porta. E quem aqui chega não tem dúvidas nenhumas que está diante de uma igreja, de um espaço sagrado.”

O padre Paulo Franco diz que esta é “uma igreja do século XXI”, a começar pela sua arquitectura circular: “Obedece um bocadinho ao princípio que o Concílio Vaticano II veio transmitir, aquando da renovação litúrgica, em que o altar se deve tornar o centro da comunidade cristã, o centro da assembleia celebrante, e portanto uma comunidade participativa. É uma igreja do século XXI, com uma arquitectura do século XXI e para responder às pessoas do século XXI”.

A igreja só agora é inaugurada, mas a paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes existe desde 2003, e tem vindo a crescer em número de fiéis, com centenas de crianças e jovens na catequese e nos escuteiros. “A média de idades é muito baixa, é uma zona com muitos casais novos com filhos, e isso leva a que haja muitas crianças. Temos para cima de 500 crianças na catequese, mais de 100 jovens em propostas juvenis, o agrupamento de escuteiros está superlotado, e não conseguimos responder a todos os pedidos. São escuteiros marítimos, mas pertencem ao Corpo Nacional de Escutas, ao movimento católico escutista. Tem neste momento 140 jovens”.

"Fazia falta"
Para o padre Paulo Franco, esta é uma igreja que “fazia falta”, e que vem dar resposta às necessidades desta nova zona habitacional de Lisboa. “Tem capacidade para 700 pessoas sentadas. Neste momento, nós temos 1.000 a 1.500 pessoas que participam nas celebrações de domingo, e, portanto, neste momento esta igreja vai responder às necessidades. Obviamente que eu acredito, porque é essa a experiência que tenho tido nos últimos anos, que se calhar daqui a um ano ou dois vamos sentir que a igreja já começa a ficar apertada, mas isso não tem problema, celebra-se mais uma missa ao domingo”.

A nova igreja não demorou mais de um ano a construir, mas desde que foi imaginada já passou mais de uma década. O resultado final agrada ao padre Paulo Franco, que espera que a beleza do novo templo ajude cada vez mais pessoas a aproximarem-se de Deus. "Mais importante que a arquitectura, mais importante que a arte é aquilo que acontece neste espaço, e esperemos que a arte e a arquitectura ajude todos aqueles que aqui passarem a uma maior proximidade do Senhor", defende.

O projecto do arquitecto José Maria Dias Coelho foi inspirado em Nossa Senhora dos Navegantes e nos Oceanos, que foi o tema da Expo '98, em cujo território nasceu a nova freguesia do Parque das Nações. O projecto inclui, além do templo, o centro pastoral, que está a funcionar desde Outubro, e o salão paroquial, que desde o Natal tem servido de espaço de culto provisório.

A arte no interior da igreja é da autoria do escultor Alípio Pinto e evoca os mistérios luminosos do Rosário, tendo o retábulo principal a referência à transfiguração de Cristo. O sacrário está colocado num vitral de seis metros de altura.

O custo da obra ronda os três milhões de euros e foi suportado pela paróquia, que adquiriu o terreno em 2008.

A dedicação e inauguração da nova igreja está marcada para as 16h00 e vai ser presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

Este será um dos destaques no programa “Princípio e Fim”, da Renascença, a partir das 23h30, este domingo.