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Senhor dos Passos da Graça teve procissão como em 1587

16 mar, 2014 • Ângela Roque

"Há uma felicidade diferente" nesta procissão, diz o padre da Graça, em Lisboa.

Senhor dos Passos da Graça teve procissão como em 1587

É uma das mais importantes procissões de Lisboa e da Quaresma. A Procissão do Senhor dos Passos da Graça aconteceu este domingo e, pelo segundo ano consecutivo, cumpriu o percurso original, que parte da Igreja de S. Roque, no Bairro Alto.

Antonio Stichini, da Real Irmandade da Santa Cruz e Passos, diz que o objectivo é manter a tradição. Esta procissão "fez-se sempre, mesmo em períodos mais conturbados para a Igreja. Mas, durante muito tempo não foi possível avançar com a chamada ‘Procissão Grande", diz

É que, apesar de só ter dois andores, o do Senhor dos Passos e o de Nossa Senhora da Soledade, a logística desta procissão é complicada: "os andores são muitos pesados, cada um tem de ser levado por dez homens de cada vez". Ou seja, o dobro no percurso maior. E, contando com os pendões e as lanternas, "rapidamente" se chega "aos 80, 100" homens "capazes para andar a carregar. "Não tínhamos condições para avançar com isto."

Com o aumento do número de elementos da Irmandade, em 2013, foi possível voltar a fazer a "Procissão Grande". A Real Irmandade da Santa Cruz e Passos quer que todos os anos assim seja, até porque é essa a vontade do actual Patriarca de Lisboa.

O trajecto tem a mesma distância da 'Via Crucis' de Jerusalém. "Essa foi uma preocupação do instituidor da procissão, em 1587. É uma curiosidade e mais uma razão para termos esse sentido presente", sublinha Stichini.

Procissão especial
Para o padre Nuno Tavares, pároco da Graça, faz todo o sentido esta procissão de Quaresma na Lisboa de hoje. "Há uma felicidade diferente, que se vê até muito no fim da própria procissão", explica. "Exprimimos aquele que é o conteúdo da nossa fé, perante os outros e até perante nós.  É bom sentirmos que estamos a percorrer as ruas da nossa cidade. E os outros não ficam indiferentes de maneira nenhuma. Perguntam: ‘Por que é que eles estão a fazer isto, o que é que está aqui a acontecer?’".

A procissão saiu às 15h00 da Igreja de S. Roque e atravessou a Baixa, ligando duas das colinas lisboetas. Desceu pelo Chiado em direcção ao Rossio, passou por S. Domingos e pelo Martim Moniz e subiu, depois, pela Calçada dos Cavaleiros até à Graça.

A Procissão do Senhor dos Passos vai ser um dos temas em destaque hoje no programa "Princípio e Fim", na Renascença, a partir das 23h30.