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Israel acaba com isenção militar para judeus ultra-ortodoxos

12 mar, 2014

Os haredim reivindicam o direito a estudar as escrituras judaicas em permanência e rejeitam por isso a possibilidade de servir nas forças armadas.

O parlamento israelita aprovou esta quarta-feira uma lei que acaba com a isenção do serviço militar obrigatório para membros da comunidade ultra-ortodoxa.

Segundo a nova lei, que entra em vigor em 2017, as forças armadas esperam um contingente de 5200 homens da comunidade. Caso não haja voluntários que chegue, o número remanescente será recrutado.

A isenção actual data da fundação do Estado de Israel e abrange toda a comunidade ultra-ortodoxa, ou haredi, que representa cerca de 10% da população, com uma taxa de crescimento muito superior ao resto do país.

Os haredim reivindicam o direito a estudar as escrituras judaicas em permanência e rejeitam por isso a possibilidade de servir nas forças armadas. A esmagadora maioria dos homens da comunidade dedica-se unicamente ao estudo, vivendo de subsídios.

Para o resto da população, contudo, o serviço militar de dois anos é obrigatório tanto para homens como para mulheres, o que leva políticos como o ministro das Finanças, Yair Lapid, a perguntar: “Será que é demais esperar que pessoas que vivem cá, cujas vidas são defendidas todos os dias por soldados, façam a sua parte, nem mais nem menos que qualquer cidadão israelita?”

Mas a votação foi boicotada por deputados dos partidos ultra-ortodoxos, que reagiram negativamente ao resultado: “É um dia negro para o Estado e para o governo. Israel perdeu o direito a apelidar-se de estado judaico e democrático”, considerou Moshe Gafni.

Ao longo das últimas semanas a comunidade ultra-ortodoxa, tanto em Israel como na diáspora, tem feito manifestações de centenas de milhares de pessoas contra a medida e é natural que os protestos continuem.