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ÉVORA

Arcebispo propõe renúncia quaresmal para as Monjas de Belém

26 jan, 2014 • Rosário Silva

D. José Alves alerta para as “misérias materiais, morais e espirituais” ligadas entre si e para uma “pobreza sem solidariedade nem esperança, que são verdadeiramente perniciosos para os indivíduos e para a sociedade” e que é preciso combater.  

O Arcebispo de Évora vai destinar a renúncia quaresmal dos fiéis da arquidiocese às Monjas de Belém.

D. José Alves faz o anúncio na sua mensagem quaresmal, no qual desafia também os seus fiéis a “fixar a nossa atenção em Jesus Cristo que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza (1Cor8,9)”.

“Um paradoxo chocante” escreve o arcebispo de Évora ao referir-se à expressão usada por S. Paulo, mas que “traduz uma verdade sublime capaz de abrir horizontes de vida nova para aqueles que a compreendem”.

O prelado explica que Jesus Cristo “não se serviu nem da riqueza nem do poder humano mas da pobreza e do amor” para a salvação do mundo, no que designa simplesmente, como sendo “o estilo de Deus”.

D. José Alves convida os cristãos a adoptar o “mesmo estilo” e insiste na “ousadia de ver, tocar e aliviar as misérias humanas na sua tríplice manifestação de misérias materiais, morais e espirituais” ligadas entre si e numa “pobreza sem solidariedade nem esperança, para os quais nos alerta o papa e que são verdadeiramente perniciosos para os indivíduos e para a sociedade”.

“A miséria material é a mais visível mas a miséria espiritual é a mais profunda” prossegue o prelado, merecendo esta uma especial atenção, uma vez que “o tratamento da miséria espiritual ajuda a curar as outras duas”. Aqui volta a referir o exemplo de Jesus, que “voluntariamente se fez pobre, no sentido material, para enriquecer os outros com a riqueza espiritual. É esse o verdadeiro sentido do despojamento dos bens materiais, seja ele total ou parcial”.

“O esvaziamento do que é terreno e humano amplia o espaço para acolher o que é espiritual e divino” lê-se ainda na mensagem quaresmal que propõe como renúncia quaresmal o “desprendimento de alguns bens terrenos para que possais aumentar a vossa capacidade de acolher os dons espirituais, com os olhos postos em pessoas que optaram pelo despojamento dos bens terrenos, para se consagrarem totalmente à oração e ao louvor de Deus na nossa sociedade, cada vez mais materialista e carecida de valores”.

As Monjas de Belém, da Assunção da Virgem e de São Bruno, é a proposta do Pastor, tanto mais que estão presentes na Arquidiocese onde “já edificaram uma pequena parte do seu mosteiro, no lugar de Vale Covo, da paróquia do Couço” vivendo lá cinco monjas.

A segunda fase das obras está orçada em novecentos mil euros e é importante que avance, daí que o prelado espere um “contributo generoso” para edificar um complexo onde a espiritualidade e o silêncio vão enriquecer a planície alentejana já imbuída do espirito cartusiano.

Tal como em anos anteriores, cabe à Caritas Diocesana a organização da renúncia em todas as paróquias da Arquidiocese e aos Vigários da Vara a recolha atempada do produto da renúncia das paróquias da sua Vigararia, para ser entregue na Cúria.