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Dinamarqueses podem ser os primeiros a banir a circuncisão na Europa

27 jan, 2014 • Filipe d’Avillez

Sondagens revelam que mais de 80% dos dinamarqueses concordam com a proibição da circuncisão por razões religiosas.  

A Dinamarca poderá estar a caminho de ser o primeiro país europeu a banir a circuncisão por razões religiosas.

Ao longo dos últimos dois meses duas das principais associações médicas do país publicaram recomendações no sentido de proibir a prática em menores que não dêem o seu consentimento.

Simultaneamente, uma sondagem do jornal “BT”, uma das maiores publicações do país, revela que 87% dos 26 mil inquiridos é favorável a uma proibição.

Não há, por enquanto, uma proposta política nesse sentido, mas a pressão começa a fazer-se sentir, depois de Setembro de 2013 os provedores das crianças dos países nórdicos, incluindo Noruega, Suécia, Finlândia, Groenlândia e Dinamarca, terem feito uma declaração conjunta apelando ao fim desta prática.

No dia 1 de Outubro de 2013, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa aprovou uma resolução que apela à abolição de “toda a forma de ataques físicos a crianças”, equiparando nesta definição a circuncisão masculina e a mutilação genital feminina.

Na altura o deputado João Mota Amaral, em resposta a uma questão colocada pela Renascença, revelou que se absteve desta votação mas mostrou-se sensível à questão religiosa: “Abstive-me na votação final da resolução, mas votei mesmo a favor de uma proposta, subscrita por colegas de vários países, nomeadamente turcos, que visava salvaguardar a circuncisão segundo tradições religiosas. Por respeito pelas convicções religiosas desses cidadãos, entendo que tal tradição deve ser respeitada.”

A proibição da circuncisão afectaria directamente muçulmanos e judeus, para quem esta é uma obrigação religiosa central. Embora entre os muçulmanos a prática mude de região para região e entre diferentes comunidades, para os judeus a circuncisão deve ser levada a cabo durante a primeira semana de vida dos rapazes.

Tanto as associações de judeus locais como o Estado de Israel têm criticado estas medidas, que consideram serem discriminatórias contra a religião.