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Nova Constituição aprovada por esmagadora maioria no Egipto

16 jan, 2014

Irmandade Muçulmana apelou ao boicote, mas ainda assim uma maioria dos egípcios compareceu para votar. Os cristãos, em particular, apoiaram o documento.

Nova Constituição aprovada por esmagadora maioria no Egipto
A nova Constituição do Egipto foi aprovada por esmagadora maioria, com os primeiros indicadores a apontar que 90% dos que compareceram votaram "sim".

A aprovação do referendo era vista como crucial para legitimar a tomada do poder por parte dos militares e mereceu o boicote por parte da Irmandade Muçulmana, que esteve no poder durante cerca de um ano, até à deposição pela força de Mohamed Morsi.

Os dados oficiais indicam que 55% da população foi às urnas para aprovar a nova Constituição. Ao contrário da anterior, escrita por uma comissão constituinte dominada por islamitas, esta elimina grande parte das referências ao Islão, consagra os direitos religiosos das minorias e promove a igualdade das mulheres perante a lei.

Mas a Constituição tem também alguns aspectos que preocupam os observadores seculares, incluindo a concessão de muito poder às forças armadas. Estas mantêm uma influência preponderante na escolha do ministro da Defesa ao longo dos próximos oito anos e, numa medida bastante contestada, os civis que ofenderem de alguma forma um militar serão julgados num tribunal militar.

A nova Constituição foi particularmente apoiada pelos cristãos. Os coptas, como são conhecidos os cristãos egípcios, queixam-se há anos de discriminação e sofreram duramente durante o regime de Morsi e sobretudo depois da sua deposição, como vingança por parte dos islamitas uma vez que o líder da Igreja Copta apoiou o golpe militar.

Em zonas como o Assuão, onde a população cristã é muito numerosa, ainda que minoritária, e a Irmandade Muçulmana também tem bastante influência, os cristãos foram os principais participantes no referendo.