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Igrejas em Portugal vão assinar declaração de reconhecimento do baptismo

09 jan, 2014

Cerimónia marcada para 25 de Janeiro encerra trabalho de vários anos e será o culminar da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Representantes da Igreja Católica, Lusitana, Presbiteriana, Metodista e Ortodoxa em Portugal vão assinar no próximo dia 25, em Lisboa, uma declaração de reconhecimento mútuo do baptismo.

D. António Couto, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização – que acompanha o diálogo ecuménico –, disse à Agência Ecclesia que esta decisão é um “acontecimento nacional” que vem coroar “muitos anos de trabalho”.

A assinatura vai acontecer, simbolicamente, no dia final da semana de oração pela unidade dos cristãos, durante a celebração ecuménica nacional, na catedral Lusitana (Igreja Anglicana) de São Paulo, com início marcado para as 18h00.

Em comunicado, os responsáveis pela celebração destacam este “importante acontecimento”, frisando que o reconhecimento mútuo do baptismo representa “mais um passo no caminho de diálogo ecuménico entre as Igrejas envolvidas”.

“Este passo concreto [reconhecimento mútuo do baptismo], que reafirma o muito que já nos une em Cristo, como seus discípulos, um povo de baptizados chamado a ser, no mundo e para o mundo, sinal credível do Evangelho”, sublinham.

A assinatura acontecerá “num contexto orante, reunindo jovens e hierarcas das diversas Igrejas, juntos na escuta da Palavra e no assumir de um compromisso claro pela causa da reconciliação e da unidade”, acrescenta a nota de imprensa.

A semana de oração pela unidade dos cristãos é dedicada, em 2014, ao tema “Estará Cristo dividido?”, expressão retirada da primeira carta de São Paulo aos Coríntios.

O decreto sobre o ecumenismo do Concílio Vaticano II, “Unitatis Redintegratio”, lembra no seu n.º 3 que todos os cristãos “justificados no baptismo pela fé, são incorporados a Cristo, e, por isso, com direito se honram com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos filhos da Igreja Católica como irmãos no Senhor”.

João Paulo II, na sua encíclica sobre a Unidade dos Cristãos, “Ut Unum Sint” (n.º 42), assegurava que o reconhecimento dessa fraternidade “não é a consequência de um filantropismo liberal ou de um vago espírito de família, mas está enraizado no reconhecimento do único baptismo”.

“Isto está muito para além de um simples acto de cortesia ecuménica e constitui uma afirmação básica de eclesiologia”,escrevia o Papa polaco, que vai ser canonizado em Abril.

O “Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo’ pede explicitamente um reconhecimento recíproco e oficial do baptismo, destacando as implicações teológicas, pastorais e ecuménicas desse ato.