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Patriarca de Constantinopla convoca reunião de primazes para Março de 2015

07 jan, 2014

Um encontro a este nível não acontecia desde 2008 e visa preparar um sínodo pan-Ortodoxo, previsto para 2015, que não se realiza desde 1583.

Patriarca de Constantinopla convoca reunião de primazes para Março de 2015
O Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla, convocou os primazes das várias Igrejas Ortodoxas para um encontro em Março próximo.

A reunião de primazes, que não se realiza desde 2008, servirá para preparar o sínodo pan-ortodoxo que está agendado para 2015. As diferentes igrejas da Comunhão Ortodoxa não se encontram em sínodo desde 1583.

Tanto a reunião de primazes como, acima de tudo, o sínodo, representam grandes desafios para uma comunhão que se define em grande parte pela autocefalia, ou governo próprio, das suas igrejas que a compõem.

Esta autocefalia é importante para a preservação da identidade local, linguística e étnica das igrejas, mas dificulta a colaboração entre elas e a resolução de conflitos que podem surgir.

Actualmente, por exemplo, a Igreja Ortodoxa Russa recusa-se a reconhecer a validade da Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia. Outros temas como este podem eventualmente ser esclarecidos no sínodo.

Para o metropolita João Zizioulas, de Pérgamo, o reforçar do trabalho conjunto é um dos grandes desafios para a Igreja Ortodoxa no século XXI. “O grande perigo não só para a Ortodoxia, mas para o Cristianismo em geral, não é o ateísmo, o secularismo em geral ou os seus muitos inimigos. Ninguém, ao longo da história, tem sido capaz de dissipar a verdade. O maior perigo vem da sua auto-marginalização. Isto acontece sempre que um movimento, uma força espiritual, se recusa a confrontar e entrar em diálogo com os movimentos sociais e intelectuais da sua era”, afirma o metropolita, um dos organizadores do sínodo.

A Igreja Ortodoxa é a segunda maior confissão cristã do mundo e engloba igrejas de países como a Rússia, Grécia, Bulgária, Roménia e Sérvia, e outras do Médio Oriente. Separou-se da Igreja Católica no ano 1054 e é actualmente encabeçada pelo Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla, cuja autoridade é mais espiritual e de influência do que efectiva, sendo considerado um “primus inter pares” dos patriarcas ortodoxos.