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“Se não formarmos os corações, estamos a criar pequenos monstros”

03 jan, 2014 • Filipe d’Avillez

A audiência do Papa Francisco aos superiores das ordens religiosas masculinas foi publicada na íntegra esta sexta-feira pela revista “La Civiltá Cattolica”, pertencente aos jesuítas.

“Se não formarmos os corações, estamos a criar pequenos monstros”
O Papa até fica com “pele de galinha” só de pensar na formação deficiente dos futuros padres e religiosos.

Francisco confessou este facto durante uma audiência aos superiores de ordens religiosas masculinas, no passado mês de Novembro em Roma, que foi agora publicada na íntegra pela revista “La Civiltá Cattolica”, dos jesuítas.

Falando da necessidade de uma formação completa, o Papa manifesta o seu medo de se estarem a criar “pequenos monstros”. A educação para a vida religiosa é “uma arte e não uma operação policial. Temos de incluir a formação do coração, caso contrário estamos a criar pequenos monstros. E depois estes pequenos monstros moldam o povo de Deus. Isto faz-me pele de galinha”.

A ideia de que a formação termina com o fim dos anos de seminário é, considera o Papa, “hipocrisia e fruto do clericalismo” e quem trabalha neste ramo, formando futuros religiosos e sacerdotes, tem obrigação de pensar nos fiéis que serão afectados: “Recordo-me daqueles religiosos que têm um coração azedo com o vinagre: não são feitos para estarem em contacto com outros. Não devemos criar administradores, gestores, mas sim pais, irmãos e irmãs, companheiros de viagem.”

Todo o discurso do Papa, que durou cerca de três horas, está recheado de apelos à acção por parte dos religiosos: “A Igreja deve ser atraente. Despertem o mundo! Sejam testemunhas de uma forma nova de fazer as coisas, de agir, de viver. Mostrem que é possível viver de forma diferente neste mundo.”

Francisco pede também que os religiosos nunca percam a vontade de estar em contacto directo com os mais necessitados: “É necessário passar tempo em contacto real com os pobres. Para mim isto é fundamental: É necessário conhecer a realidade através da experiência, dedicar tempo a ir à periferia para conhecer verdadeiramente a situação de vida das pessoas”.

A falta desta experiência, considera o Papa, conduz a ma vida de ideologia abstracta ou fundamentalista “e isso não é saudável”.

A “La Civiltá Cattolica” publicou o texto completo desta conferência no seu site em três línguas diferentes, italiano, inglês e espanhol.