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"Uma fé autêntica implica um desejo profundo de mudar o mundo"

03 jan, 2014

Papa Francisco apresentou-se como jesuíta, disposto a "esvaziar-se a si mesmo" e lembrou que o Evangelho anuncia-se com doçura, fraternidade e amor.

O Papa celebrou missa na igreja histórica dos jesuítas, em Roma, por ocasião da Festa do Santíssimo Nome de Jesus, com apelos à renovação da Igreja e do mundo.

“Uma fé autêntica implica um desejo profundo de mudar o mundo. Eis a pergunta que devemos colocar-nos: também nós temos grandes visões e iniciativa? Também somos audazes? O nosso sonho voa alto? O zelo devora-nos? Ou somos medíocres e contentamo-nos com as nossas programações apostólicas de laboratório? Recordemo-nos sempre: a força da Igreja não habita em si mesma, nem na sua capacidade organizativa, mas esconde-se nas águas profundas de Deus”, questionou, na homilia da missa a que presidiu esta sexta-feira.

Francisco apontou o exemplo do Santo Fabro, que não hesitou em andar pela Europa a anunciar o Evangelho.

“Fabro tinha o desejo profundo e verdadeiro de ser ‘dilatado’ em Deus: estava completamente centrado em Deus e, por isso, podia ir, em espírito de obediência, por todo o lado da Europa, muitas vezes a pé, dialogar com todos com doçura, e anunciar o Evangelho. Isto leva-me a pensar na tentação que nós podemos ter e que tantos têm, de ligar o anúncio do Evangelho a bastonadas inquisidoras e de condenação. Não! O Evangelho anuncia-se com doçura, com fraternidade, com amor.” 

Alertou ainda para a mediocridade que leva a contentar-se como “programações apostólicas de laboratório” na acção da Igreja.

Francisco, o jesuíta
O Papa apresentou-se como jesuíta, disposto, como todos os membros do instituto religioso, a “esvaziar-se a si mesmo”.

“Nós, jesuítas, queremos ser distinguidos pelo nome de Jesus, militar sob a bandeira da sua Cruz, e isso significa ter os mesmos sentimentos de Cristo”, precisou.

Segundo o Papa, ser jesuíta “significa ser uma pessoa do pensamento incompleto, do pensamento aberto, porque pensa sempre olhando para o horizonte que é a glória de Deus, cada vez maior, que surpreende sem cessar”.

“É preciso procurar Deus para o encontrar e encontra-lo uma e outra vez: só esta inquietação dá paz ao coração de um jesuíta, uma inquietação também apostólica”, acrescentou.