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Papa

"Paz vem da fraternidade, que se aprende com pai e mãe"

12 dez, 2013 • Filipe d'Avillez

Palavras de Francisco surgem num contexto em que em muitos países se legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adopção de crianças por homossexuais.

"Paz vem da fraternidade, que se aprende com pai e mãe"

Não existe paz sem fraternidade e a fraternidade aprende-se no seio da família, considera o Papa. Na sua primeira mensagem para o dia mundial da paz, que se celebra a 1 de Janeiro, Francisco começa por fazer uma defesa da família natural, encabeçada por um pai e uma mãe.

"Convém desde já lembrar que a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor." 

As palavras do Papa surgem num contexto mundial em que em muitos países se procede a uma alteração do conceito de família, mudando a definição para incluir casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a adopção por homossexuais e em que o fenómeno das uniões de facto e as famílias monoparentais se torna cada vez mais comum.

Francisco mostra que a família é uma preocupação central. A sua desagregação contribui, segundo o Papa, para a falta de fraternidade e, consequentemente, para a violência, a qual pode ser travada com armas de fogo ou económicas. "Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos económico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas." 

Francisco sublinha que a família também é vítima da actual crise financeira e moral. "Em muitas sociedades, sentimos uma profunda pobreza relacional, devido à carência de sólidas relações familiares e comunitárias", afirma. "Uma tal pobreza só pode ser superada através da redescoberta e valorização de relações fraternas no seio das famílias e das comunidades, através da partilha das alegrias e tristezas, das dificuldades e sucessos presentes na vida das pessoas." 

A solução para a actual crise está, considera Francisco, no reconhecimento de que toda a humanidade é uma família, unida por uma filiação comum. "A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus. Não se trata de uma paternidade genérica, indistinta e historicamente ineficaz, mas do amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto de Deus por cada um dos homens", escreve.

"Trata-se, por conseguinte, de uma paternidade eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha activa", diz o Papa.