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Papa promete “oração e compaixão” por vítimas de abusos sexuais

02 dez, 2013

Francisco pediu aos bispos holandeses que continuem a expandir a fé, recordando que a Igreja cresce mais por “atracção” do que por “proselitismo”.

O Papa Francisco falou pela primeira vez em público, e directamente, sobre a questão dos abusos sexuais no seio da Igreja, na audiência aos bispos holandeses, esta segunda-feira.

“Prometo compaixão e oração por cada vítima de abusos sexuais e para as suas famílias”, afirmou Francisco.

“Peço-vos que continuem a apoiá-los na sua caminhada em direcção à cura, realizada com coragem.”

Os 13 bispos encontram-se em Roma para a sua visita “ad limina”, que se deve realizar de cinco em cinco anos. Desde a última vez que os bispos holandeses estiveram todos em Roma rebentou um grande escândalo de abusos, com dezenas de casos, na sua maioria com décadas, a vir a público, confirmando que a Igreja não tinha feito tudo o que estava ao seu alcance para salvaguardar e proteger as vítimas.

O Papa Francisco tem feito algumas declarações que podem ser entendidas como referentes aos abusos sexuais de menores, mas esta foi a primeira vez que se referiu a este escândalo de forma tão clara.

A Igreja na Holanda tem sido das mais afectadas também pela crise de vocações e de esvaziamento das igrejas. O Papa encorajou os bispos a não desistir de evangelizar, recordando que a Igreja cresce mais pela “atracção” do que pelo “proselitismo”.

“Perguntemos a quem nos encontrar, a quem encontrar um cristão, se viu alguma coisa da bondade de Deus, da alegria de ter encontrado Cristo. Como já disse várias vezes, a Igreja não cresce pelo proselitismo mas pela atracção.”

Segundo o bispo auxiliar de Utrecht, Theodorus Hoogenboom, citado pelo site da “National Catholic Reporter”, as palavras do Papa fortaleceram o episcopado holandês: “O Papa fortaleceu-nos muito na fé e na forma como os bispos holandeses estão a trabalhar na Igreja. A palavra-chave naquilo que nos disse foi esperança. A esperança de que Cristo está connosco e de que, nas alturas mais difíceis, o Papa também está connosco”.

“A situação na Holanda, com a secularização, é bastante difícil. Mas o Papa fortaleceu-nos na fé como São Pedro.”