Emissão Renascença | Ouvir Online

Lei da blasfémia continua a aterrorizar cristãos paquistaneses

02 dez, 2013

Um homem condenado à morte foi libertado a semana passada, mas outros oito foram acusados só nos últimos dois meses.

Os cristãos no Paquistão continuam a sofrer por causa da lei da blasfémia. A legislação prevê pena de morte para quem insulta Maomé ou prisão perpétua para quem ofender de alguma forma o Alcorão.

Várias organizações cristãs, contudo, afirmam que a lei é usada de forma abusiva, uma vez que basta o testemunho de uma pessoa para enviar um cristão para a cadeia, por vezes durante anos seguidos.

Até hoje ninguém foi de facto condenado à morte por este crime, mas são muitos os casos de pessoas assassinadas dentro da prisão, ou depois de libertadas. Outras estão há anos detidas sem que exista qualquer prova concreta, pelo que a lei representa de facto uma ameaça real à vida dos cristãos e membros de outras minorias religiosas.

Na última semana surgiram notícias mistas do Paquistão. Por um lado, soube-se da libertação de um homem que tinha sido condenado à morte e que estava detido desde Maio de 2007.

A libertação de Younis Masih é uma boa notícia para a comunidade, mas os problemas deste cristão estão longe de terminados. “Tenho quatro filhos e não tenho trabalho, ninguém me ajuda. Eu vivo com medo de ser morto", revelou à Agência Fides, por intermédio do seu advogado.

“Os cristãos no Paquistão temem ameaças, ataques, violência, discriminação e ódio. A lei da blasfémia é sempre ameaça sobre suas cabeças, a sua vida não é segura, nem mesmo depois da saída da prisão”, acrescentou o advogado. Masih, de 35 anos, foi libertado na passada quinta-feira, por ordem do Tribunal de Recurso.

Contudo, a fundação Ajuda à Igreja que Sofre dá conta de mais oito casos de cristãos acusados de blasfémia só nos últimos meses, desde que um atentado numa Igreja em Peshawar fez 80 mortos.

Os cristãos são uma pequena minoria desta nação fortemente islâmica, onde o fundamentalismo tem crescido nos últimos anos. Em Janeiro de 2011 o governador do Punjab, o muçulmano Salman Taseer, foi assassinado pelo seu próprio guarda-costas precisamente por ter criticado a lei da blasfémia.

Quando o guarda-costas foi apresentado a tribunal um grupo de advogados islâmicos lançou-lhe pétalas de rosa por cima da cabeça.