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"Texto do Papa é desafio aos políticos portugueses"

26 nov, 2013 • Ângela Roque

D. António Vitalino espera que esta exortação apostólica ajude toda a Igreja e todos os que acreditam em Jesus Cristo a ter uma nova maneira de evangelizar.

O Bispo de Beja admite que foi uma coincidência curiosa este documento do Papa ter sido divulgado no dia em que em Portugal se aprovou um novo orçamento.

Segundo D. António Vitalino muitos dos desafios lançados por Francisco se dirigem não só à Igreja, mas também aos políticos: “É uma interpelação muito forte aos políticos, aos governos, para que não tomem só medidas a partir dos interesses do capital, mas tomem medidas a partir da dignidade da pessoa humana, do bem comum, da família, e claro que aqui, mesmo nos nossos orçamentos, não podemos pôr de parte que em primeiro lugar tem de estar a dignidade da pessoa, o bem comum, a família, e não os interesses de alguns”, considera.

“Isto implica uma profunda conversão da Igreja, mas implica também uma profunda transformação das nossas políticas e do nosso sistema económico e financeiro que exclui os pobres e as pessoas que têm menos capacidades. É realmente uma voz muito revolucionária, como é o Evangelho, uma grande sinal de contradição com muitas tendências deste mundo.”

D. Antonio Vitalino, que integra também a comissão episcopal da Pastoral Social, espera que a Igreja consiga responder ao desafio do Papa, quando neste Documento critica quem evangeliza com “cara de funeral”: “O Papa imprime aqui a sua linguagem, ele já várias vezes o disse, que não se pode evangelizar com uma cara de funeral, temos de evangelizar com a alegria do Evangelho, com a alegria daquele que se sente liberto e livre de muita coisa que nos torna muitas vezes taciturnos”.

Para o Bispo de Beja bastará seguir o exemplo que este Papa tem dado à Igreja, com a sua linguagem muito próxima das pessoas: “Espero que esta exortação apostólica ajude toda a Igreja e todos os que acreditam em Jesus Cristo a ter uma nova maneira de evangelizar, à semelhança do próprio Papa que, vindo da América Latina, nos mostrou que a Europa está envelhecida nos seus meios, nos seus métodos e linguagens, e precisa de se abrir à alegria do Evangelho”.