"O dinheiro deve servir e não governar", considera o Papa Francisco, na primeira exortação apostólica que assina desde que se tornou bispo de Roma.
O documento, apresentado esta terça-feira, chama-se
"A Alegria do Evangelho" (versão em português disponibilizada pela Ecclesia) e refere-se aos desafios da Nova Evangelização, entre eles o combate à pobreza e às desigualdades sociais.
São cinco os capítulos do “A Alegria do Evangelho” com por exemplo: "Não a uma economia de exclusão"; "Não à idolatria do dinheiro"; "Não a um dinheiro que governa em vez de servir"; "Não à desigualdade social que gera violência".
É que, perante os sérios desafios do mundo actual, Francisco assume uma voz de denúncia.
O Papa diz que a economia de exclusão, mata. Que é intolerável ser hoje mais importante uma descida na bolsa do que a morte de um idoso com frio, deitar comida no lixo quando há gente com fome, ou excluir pessoas, como se fossem descartáveis.
Com a crise financeira, criámos novos ídolos, o dinheiro e o bem-estar anestesiam-nos, vivemos na ditadura de uma economia sem rosto, que nega a primazia do homem e o reduz a necessidades consumistas. Vivemos sob a tirania dos mercados e da especulação financeira, à qual se junta a corrupção e evasões fiscais à escala mundial.
O Papa incentiva os peritos financeiros e os governantes a não excluírem Deus, nem esquecerem os pobres, porque "o dinheiro deve servir e não governar!"
A dimensão social da Evangelização deve influenciar a vida na praça pública. Francisco apela ao combate das causas estruturais da pobreza e à promoção de um desenvolvimento integral dos pobres a partir de uma nova mentalidade que dê prioridade à vida de todos em vez da posse dos bens por parte de alguns. E o clamor dos pobres não é apenas por comida, mas também por educação, saúde, trabalho e salário justo.
A exortação apostólica é um documento pontifício de índole catequética e é tradicionalmente publicado após a realização de um Sínodo dos Bispos.
O documento do Papa
tem ainda vários recados internos, incluindo um apelo aos agentes pastorais, para que evitem evangelizar com "cara de funeral" e a necessidade constante de conversão a Cristo que, diz Francisco, abrange todos, incluindo o próprio Papa.
A exortação apostólica surge na sequência do sínodo da Nova Evangelização, que teve lugar o ano passado, em Roma.