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“Governos existem para bem-estar das pessoas, não para cumprir metas”

13 nov, 2013 • Ângela Roque

Comunicado da Comissão Nacional Justiça e Paz cita o cardeal Maradiaga, conselheiro do Papa, que recentemente criticou as “ditaduras neo-liberais que governam as democracias”.  

A Comissão Nacional Justiça e Paz renova as críticas à política do Governo. No comunicado “Pessoas antes dos números, sempre”, publicado esta quarta-feira, este organismo da Conferência Episcopal Portuguesa lamenta que o Executivo insista numa “austeridade desumana” que só tem conduzido o país a uma profunda “injustiça social”.

A Comissão Nacional começa por lembrar que “os Governos existem, não para cumprir metas orçamentais, mas para promover o bem-estar das pessoas e das famílias, de forma sustentável”, e considera inaceitável que os objectivos financeiros tenham sido transformados em “finalidade única e última das políticas públicas”, fazendo cair sobre o povo português “um tipo de austeridade objectivamente desumano”.

O documento lembra que o desemprego, e os “pronunciados cortes nos salários e nas pensões” causaram a quebra acentuada do poder de compra e da procura interna, o que gerou um “ciclo vicioso” e não “um novo ciclo”, de que alguns já falam, virado para o crescimento.

A comissão considera mesmo inconsequente a preocupação com a equidade na distribuição dos sacrifícios, manifestada por alguns governantes, já que apesar de tantos sacrifícios o país ainda não atingiu os principais objectivos do Memorando de Entendimento. 

O texto termina citando o Cardeal Óscar Maradiaga, que recentemente criticou as “ditaduras neo-liberais que governam as democracias”, por querem fazer as pessoas crer que “não há alternativa”, considerando que “para mudar o sistema seria necessário destruir o poder dos novos senhores feudais”.

Oscar Maradiaga é o presidente da Cáritas Internacional e coordena o grupo que está a aconselhar o Papa no governo da Igreja.