Emissão Renascença | Ouvir Online

Santa Sé repreende diocese alemã que queria deixar recasados comungar

12 nov, 2013 • Filipe d’Avillez

O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, escreveu à diocese de Freiburg a ordenar que o documento em causa seja retirado e novamente analisado.  

Durou pouco tempo a abertura oficial da diocese de Freiburg à aceitação de divorciados em segundas uniões aos sacramentos.

Há pouco mais de um mês os ministros da diocese receberam um documento com novas orientações pastorais. Segundo as novas regras os divorciados que estivessem a viver em segundas uniões poderiam, caso chegassem a essa decisão em consciência, ser admitidos aos sacramentos.

A Igreja Católica não reconhece a dissolução dos casamentos, pelo que um divorciado que volte a casar civilmente, ou entre em “união de facto” com alguém, é visto como estando a viver em adultério, não podendo por isso comungar. Na prática, caso essa pessoa não tenha a intenção de mudar de vida, também não pode confessar-se.

O documento de Freiburg surgiu poucos dias depois da resignação do seu arcebispo Robert Zollitsch, embora ele continue como administrador apostólico, mas não é certo que as orientações tenham sido enviadas com a sua autorização ou conhecimento.

Logo no dia seguinte o director da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou que este tipo de acção unilateral por parte de dioceses individuais não ajuda e “corre o risco de criar confusão”.

Agora, a Congregação para a Doutrina da Fé, por via do seu prefeito, o também alemão Gerhard Müller, vem colocar um ponto final na experiência, ordenando a retirada do documento e a sua revisão.

Numa carta endereçada a Zollitsch, Müller reafirma os ensinamentos da Igreja e explica que esta prática não pode ser permitida pois quem vive numa segunda união está em contradição com “a relação de amor entre Cristo e a Igreja, que é tornada visível e presente na Eucaristia (razão doutrinal). Se for permitido a estas pessoas receber a Eucaristia, isso causaria confusão entre os fiéis sobre os ensinamentos da Igreja e a indissolubilidade do casamento (razão pastoral).”

O prefeito da CDF critica ainda outro ponto do documento de Freiburg, que sugere a realização de cerimónias de bênção de segundas uniões, recordando que “tais celebrações foram expressamente proibidas por João Paulo II e Bento XVI”.

Neste preciso momento a Igreja está a preparar um sínodo sobre a Família para Outubro de 2014. O Papa já disse que a situação dos divorciados em segundas uniões será um dos temas a debater, mas não indicou quaisquer soluções. Contudo, num artigo publicado no L’Osservatore Romano, Müller deixou claro que a posição da Igreja sobre a indissolubilidade do casamento e o acesso aos sacramentos de quem vive em segundas uniões, não está prestes a mudar, embora tenha indicado que possa haver uma maior flexibilidade quanto às razões aceites para declarar nulo um casamento.