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Bispo aponta imperador beato como exemplo dos que promovem a paz

06 nov, 2013

Carlos de Habsburgo-Lorena está sepultado na igreja de Nossa Senhora do Monte, "onde é venerado, amado e invocado por muitos cristãos", escreve D. Teodoro de Faria.

Bispo aponta imperador beato como exemplo dos que promovem a  paz
O bispo emérito do Funchal, autor de uma biografia do beato Carlos de Habsburgo-Lorena, aponta o último Imperador da Áustria-Hungria como "exemplo corajoso para os que se empenham na promoção da paz, da liberdade e da justiça".

Na obra "Imperador Carlos da Áustria", editada esta semana pela Alêtheia, D. Teodoro de Faria traça a biografia de Carlos Habsburgo-Lorena, numa primeira parte o processo de beatificação, aberto em Novembro de 1949, e numa segunda e terceira é dedicada ao "grande dia da beatificação", a 03 de Outubro de 2004, pelo papa João Paulo II.

Sobre o tempo de exílio, de Novembro de 1921 até à sua morte, em Abril de 1922, na Quinta do Monte, nos arredores do Funchal, o prelado madeirense realça que, apesar de em muitos dias não ter pão para comer, Carlos manteve sempre "bom ânimo", e dá conta do seu espírito de "abnegação e conformismo perante a vontade de Deus".

Carlos de Habsburgo-Lorena está sepultado na igreja de Nossa Senhora do Monte, "onde é venerado, amado e invocado por muitos cristãos", escreve o bispo, que refere que, quando morreu, várias pessoas "queriam tocar no caixão e nos restos mortais com as mãos, terços e objectos para venerarem".

O bispo emérito do Funchal, que presidiu à comissão preparatória para a beatificação do imperador Carlos pela Santa Sé, cita o testemunho do padre José Marques Jardim, que conheceu o Imperador da Áustria e Rei da Hungria, segundo o qual no funeral "todos pediam graças".

D. Teodoro de Faria destaca a "devoção ao 'Santo Rei e Imperador', como dizia o povo cristão da Madeira", e refere várias "graças" alcançadas por sua intercessão.

O prelado cita a família do beato, que lhe terá afirmado "por diversas vezes que preferia ver o seu pai sepultado na Madeira, onde é venerado, amado e invocado por muitos cristãos".

D. Teodoro de Faria refere-se a Carlos de Áustria como "o santo de bom humor e da eucaristia", "devoto de Nossa Senhora", "o homem da esperança cristã" e de "atitude piedosa" que impressionava todos que o viam.

"Era comovente o seu exemplo e a sua fé", atesta D. Teodoro de Faria.

Para a beatificação por João Paulo II foi fundamental ter sido considerado um "milagre" a cura de uma úlcera varicosa de uma freira polaca, em 1960, missionária no Brasil, e que morreu aos 95 anos, em 1989.

O eclesiástico dá conta da "fama de santidade" de Carlos de Áustria e traça o perfil do "imperador cristão e santo" que sempre procurou a paz, apesar de ter visto o país envolvido na I Grande Guerra, impelido pela "ambição alemã".

D. Teodoro de Faria, salienta as suas tentativas de paz que não surtiram efeito em Londres, Paris e Washington e foram vistas "com desgosto" pelo Imperador Guilherme II da Alemanha.

O homem que o escritor Anatole de France considerou, em plena I Grande Guerra, ser "o único honesto a ocupar uma posição importante no decurso" do conflito, é, para o bispo do Funchal, um dos "grandes homens que dignificam a União Europeia".

"Imperador Carlos da Áustria", editado pela Alêtheia, é a segunda obra que o bispo emérito do Funchal dedica à estada dos Habsburgo na ilha da Madeira.

Recentemente D. Teodoro de Faria esteve em Nova Iorque, onde presidiu a uma missa em memória do imperador beato. A missa foi organizada por uma sociedade católica tradicionalista e seguiu o rito pre-conciliar. D. Teodoro tornou-se assim o primeiro bispo português a celebrar uma missa pública na forma extraordinária do rito romano, como é conhecido oficialmente este rito, desde que Bento XVI liberalizou a sua utilização em 2007.