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Santuário indiano produz filme sobre São João de Brito

30 out, 2013 • Filipe d’Avillez

Ao longo de 20 anos na Índia, o santo português converteu cerca de 30 mil pessoas ao Cristianismo, na zona da actual Tamilnadu.

Santuário indiano produz filme sobre São João de Brito
Ao longo de 20 anos na Índia, o santo português converteu cerca de 30 mil pessoas ao Cristianismo, na zona da actual Tamilnadu. Em entrevista à Renascença, o padre Anthony Cyril, reitor do santuário de Oriyur, falou da influência do missionário jesuíta português naquela zona da Índia.
A vida de são João de Brito, o português que no século XVII evangelizou na Índia, vai dar um filme.

O reitor do santuário de São João de Brito em Oriyur, em Tamilnadu, na Índia, anunciou a decisão em entrevista à Renascença e explica que parte da curta-metragem será rodada em Portugal.

“Estamos a fazer um curto filme sobre São João de Brito. Começa em Lisboa, o local de nascimento, o local do baptismo, a sua casa, onde estudou em Coimbra, depois a chegada a Goa e a sua história na Índia. O CD será distribuído em Portugal também. Será um filme curto, mais tarde talvez façamos um maior”, explica o padre Anthony Cyril, reitor do seminário.

Todos os actores serão indianos, explica o sacerdote jesuíta, até porque há muita gente com experiência: “Em Tamilnadu muitas aldeias já têm teatros sobre São João de Brito, e eles estão prontos a participar”.

O filme é apenas mais um passo num processo gradual de renovação e potencialização do santuário, que fica num lugar bastante isolado. Ao longo dos últimos três ou quatro anos muito trabalho tem sido feito: “Houve muitas melhorias, em termos de peregrinações e restauração e renovação de algumas igrejas. Agora os peregrinos vêm e dizem que o santuário agora está bom, está limpo, há um ambiente espiritual.”

O Governo do Estado de Tamilnadu tem contribuído com a melhoria dos locais de hospedagem, água potável e acessos. Também a diocese local colabora com os jesuítas, que controlam o santuário. Um dos próximos passos é a construção de um “parque missionário”.

“Estamos a fazer um parque missionário, para marcar o Ano da Fé. É por causa dos missionários que a Igreja cresceu. Será um projecto único para formação de crianças e jovens. Penso que quando acabar as pessoas virão para ver a nossa região; estamos a planear um programa de luz e som de 30 minutos para as noites”, refere, com visível entusiasmo, o sacerdote.

Entusiasmo é, aliás, a melhor definição para toda a atitude do padre Anthony quando se fala de São João de Brito, um homem que, praticamente sozinho, converteu 30 mil pessoas nesta região. Entre elas, estavam os antepassados do actual reitor do santuário.

“Ele não viveu muito tempo. Morreu aos 46 anos. Nessa altura já tinha vivido 20 anos na Índia e tinha causado um grande impacto na Igreja Católica da Índia. Em 20 anos converteu 30 mil pessoas.”

Vinte anos de um enorme sucesso evangelizador, mas também de grande sofrimento: “Ele tinha uma fé muito forte em Cristo, e sofreu muito. No último período da sua vida o rei torturou-o imenso. Esteve preso, depois foi pendurado de pernas para o ar num poço, espancado. Aguentou tudo com alegria e felicidade. Nisto foi um reflexo de Cristo. Mesmo no último momento, abençoou o homem que veio decapitá-lo.”

Num país onde a perseguição aos cristãos tem aumentado ao longo dos últimos anos, esta atitude de São João de Brito é uma lição: “Esta é a lição que esperamos aprender, que quando temos sofrimento devemos aceitar com uma nota positiva. Essa é a mensagem de Cristo, e João de Brito seguiu-a. É por isso que neste santuário ele está vivo, com alegria e felicidade. É por isso que em Tamilnadu ele é conhecido como Arul Anandar, que significa Graça com Alegria.”