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Bispos centro-africanos perseguidos correm risco de vida

31 jul, 2013 • Angela Roque

Milícias islâmicas cobiçam os donativos que chegam para ajudar a população daquele país. Pelo menos 250 mil pessoas já fugiram daquele Estado africano.  

Os bispos católicos na República Centro-Africana estão a ser perseguidos pelos radicais islâmicos, e correm risco de vida.

O alerta foi lançado esta quarta-feira pelo núncio apostólico naquele país, que pede às organizações internacionais que não divulguem a quem estão a entregar as ajudas de emergência.

Desde que os radicais islâmicos tomaram o poder, em Março, que a violência e a destruição são uma constante na República Centro Africana. Cerca de 250 mil pessoas já deixaram o país, vítimas da perseguição religiosa e 50 mil refugiaram-se nos países vizinhos.

A situação tem sido denunciada pelos padres e bispos católicos que estão agora, eles próprios, a ser perseguidos. A ajuda que entretanto receberam está a ser cobiçada e o núncio pede que não se divulgue a quem está a ser entregue, como sublinha Catarina Martins, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

“Acabei agora mesmo de receber um e-mail do Núncio em que pede para termos muito cuidado. Neste momento temos o grupo dos rebeldes que está atrás destes próprios fundos que a igreja recebeu para apoiar a população com alimentação, com medicamentos, e portanto está atrás destes próprios bispos”, explica.

“Este e-mail só mostra a gravidade da situação. Houve este alerta a pedir prudência, não falar em nomes, não falar em montantes, para não pormos em risco a vida das pessoas que estão no terreno a tentar ajudar as populações, que é a Igreja”.

No caso da Fundação, já enviou uma primeira ajuda de emergência de 160 mil euros, para o que é mais básico: “A primeira ajuda que nós demos foi uma ajuda de emergência, e é essencialmente para ajudar com alimentação, com o alojamento destas pessoas que fogem e que deixam tudo para trás, e com a medicação. Neste momento são as prioridades”.

Mas a ajuda continua a ser necessária porque a Igreja vai ter de reconstruir quase tudo o que nestes anos ajudou a fazer: “A igreja vai necessitar de muita ajuda para poder recuperar creches, escolas, centros de saúde, tudo isso foi destruído, e tudo isto com o objectivo de empurrar para fora todos aqueles que não são muçulmanos”, diz a responsável do AIS em Portugal.

Uma perseguição religiosa por parte de um grupo radical islâmico, que tem objectivos bem definidos: “É um claro exemplo de perseguição religiosa. Este grupo que fez esta tomada de poder tem o nome de Séléka, é formado por rebeldes que vêm do Sudão, do Chade, do Darfur e da Africa Central. Todos se juntaram neste grupo com o objectivo de tomar o poder. E embora este país só tenha 15% de muçulmanos, consideram todos os outros cidadãos de segunda, que não têm o direito de estar neste país”

Desde Março já abandonaram o país pelo menos 250 mil pessoas: “As pilhagens, as violações e os roubos tem sido tantos, tem sido uma violência tão grande contra a população, que neste momento já há milhares de pessoas refugiadas. Já saíram do pais mais de 200 mil pessoas, e há mais de 50 mil refugiados nos países vizinhos. Se pensarmos que este conflito não começou há muito tempo vemos que já está a tomar uma proporção muito grande”.

A Fundação AIS, que recentemente organizou uma Jornada Internacional de Oração pela República Centro-Africana (dia 21 de Julho), apela agora à generosidade dos seus benfeitores para a recolha de donativos para aquele país. Pode saber sobre a campanha através do site www.fundacao-ais.pt