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Papa garante que não teve medo durante falhas de segurança

29 jul, 2013

Francisco faz questão de agradecer a todos os que trabalham para a sua segurança mas confessa que nesse aspecto é um “inconsciente”.

Papa garante que não teve medo durante falhas de segurança
O Papa Francisco garante que nunca sente medo pela sua segurança nem quando, como aconteceu na sua chegada ao Rio de Janeiro, se vê cercado pela multidão.

Numa entrevista de 30 minutos concedida à Globo, no Brasil, o Papa mostra-se agradecido a todos os que trabalham para o proteger, mas diz que não consegue agir de outra maneira.

“Eu não sinto medo. Sou inconsciente, não tenho medo. Sei que ninguém morre de véspera. Quando for a minha vez, o que Deus permitir, será”, diz Francisco.

“Antes de viajar fui ver o Papamóvel, que seria trazido para cá. Tinha vidros todo à volta. Quando vai visitar amigos, alguém a quem ama, com quem quer comunicar, fá-lo dentro de uma caixa de vidro? Não podia vir ver este povo, que tem um grande coração, dentro de uma caixa de vidro”, explica o Papa.

Na chegada ao Rio de Janeiro um erro por parte de alguém na comitiva levou o seu carro a entrar numa estrada errada e a ficar preso no trânsito, sendo completamente cercado pela multidão. Apesar da evidente preocupação dos seguranças, o Papa nunca subiu a janela.

“Nesse carro, quando ia na rua, baixo o vidro, para poder apertar a mão às pessoas. Ou tudo ou nada, ou se faz a viagem como deve ser, com comunicação humana, ou não se faz. Mas comunicação pela metade não faz bem”.

O Papa fez ainda questão de agradecer à segurança do Vaticano e do Brasil, reconhecendo que é possível que venha a sofrer pela sua vontade de estar tão próximo das pessoas: “Agradeço, e neste ponto tenho de ser muito claro, à segurança do Vaticano, ao seu zelo. E agradeço à segurança do Brasil. Agradeço muitíssimo, porque aqui também estão a ter todo o cuidado comigo, ao evitar que haja algo de desagradável. Que pode acontecer. Pode acontecer alguém me dar um murro, pode acontecer.”

“As duas seguranças trabalharam muito bem, mas ambas sabem que sou um indisciplinado, mas não por ser um ‘enfant terrible’, mas simplesmente porque venho visitar gente e quero trata-la como gente, tocá-la”, diz Francisco.

A questão voltou a ser abordada durante a viagem de regresso a Roma. No avião, Francisco falou durante mais de uma hora com os jornalistas e disse que, de facto, em Roma chega a sentir-se como que numa gaiola: “Quantas vezes tive vontade de andar nas ruas de Roma, porque em Buenos Aires gostava de andar na rua, gostava muito, por isso sinto-me um pouco engaiolado.”

Francisco brincou, dizendo que os seus seguranças já o deixam andar mais um pouco mais solto, mas concluiu com um reconhecimento da sua realidade: “o que eu gostava era de andar nas ruas, mas compreendo que isso não é possível.”