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Papa dos Coptas dá a sua bênção às manifestações

03 jul, 2013 • Filipe d’Avillez

Líder da principal instituição de ensino islâmico também dá o seu aval aos protestos contra Mohamed Morsi, demonstrando o crescente isolamento do Presidente e da Irmandade Muçulmana.  

Papa dos Coptas dá a sua bênção às manifestações
O líder da Igreja Copta Ortodoxa, que congrega a esmagadora maioria dos cristãos egípcios, deu a sua bênção às manifestações que estão a ameaçar o regime e colocou-se ao lado das Forças Armadas.

“Uma saudação, em forma de tributo e glorificação, às três coisas que tornam o Egipto grande: O povo, o exército e a juventude”, escreveu Tawadros II através da sua conta do Twitter.

As Forças Armadas egípcias lançaram na passada segunda-feira um ultimato ao Presidente Mohamed Morsi, dando-lhe 48 horas para aceder a algumas das reivindicações dos milhões de egípcios que se encontram nas ruas a protestar contra o seu Governo. Morsi recusou o ultimato, cujo prazo termina na tarde desta quarta-feira, e os altos quadros das Forças Armadas estão reunidos para decidir o que fazer, sendo muito possível que se verifique um golpe de Estado nas próximas horas.

Os militares contam com o apoio dos manifestantes nas ruas e, agora, do líder máximo da Igreja Copta, que goza de tremenda influência entre os cerca de 12 milhões de cristãos no Egipto, mais ou menos 10% da população.

“Viva o meu país, livre e forte”, escreveu ainda o Papa dos coptas. “Quão impressionante é o povo egípcio, que reclama, de forma civilizada e elegante, a revolução que lhe foi roubada. Rezo por todo o povo egípcio”, afirmou.

Os cristãos no Egipto queixam-se frequentemente de discriminação e consideram que a situação tem-se agravado desde a queda do regime de Hosni Mubarak, com a ascensão do islamismo.

Mohamed Morsi é membro da Irmandade Muçulmana e é acusado, entre outras coisas, de estar a conduzir o país no sentido de um regime islamista.

Líder islâmico também apoia militares
As Forças Armadas egípcias contam também com o apoio de uma importante figura do mundo islâmico daquele país.

O grão-sheikh Ahmedal-Tayeb, responsável pela Universidade Al-Azhar, a mais prestigiada instituição de ensino islâmico do mundo muçulmano, aconselhou os líderes políticos a “ouvir a voz” e a “elegante expressão das exigências” do povo.

A posição de Tayeb revela que as várias correntes islâmicas do país não estão todas de acordo. A universidade a que preside tem fama de moderação e a Irmandade Islâmica tem tentado apoderar-se dela, até agora sem sucesso.