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Sobreviventes do holocausto homenageiam Aristides de Sousa Mendes em Portugal

20 jun, 2013 • Liliana Carona

Família do Cônsul em Bordéus, que salvou cerca de 30 mil pessoas de serem deportadas para campos de concentração, quer ver perpetuada também a memória da sua mulher, Angelina.  

Sobreviventes do holocausto homenageiam Aristides de Sousa Mendes em Portugal
Já se encontram em Portugal os cerca de 30 sobreviventes do holocausto e seus descendentes, salvos por Aristides de Sousa Mendes no auge da perseguição aos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

De Coimbra a Cabanas de Viriato uma série de iniciativas homenageia o cônsul de bordéus, mas também a sua esposa, Angelina, que a família quer ver igualmente destacada.

Esta quinta-feira o dia começou cedo em Coimbra, onde está a decorrer um doutoramento sobre Aristides de Sousa Mendes. O neto, com o mesmo nome, fala da passagem pela cidade dos estudantes. “As pessoas irão ver o registo do tio César e do meu avô, Aristides. Eram irmãos gémeos e ambos estudaram em Coimbra, depois há também uma senhora que está a fazer o doutoramento sobre o meu avô e que nos vai fazer uma apresentação”, esclarece.

Segue-se Cabanas de Viriato, a terra de Aristides, onde o neto do diplomata adianta que a comitiva vai visitar o jazigo de família e a igreja de Beijós onde os avós casaram. De seguida Aristides de Sousa Mendes, neto, revela que se vão deslocar até à casa do Passal, onde a directora regional da cultura do centro vai fazer uma apresentação sobre o projecto que o Governo decidiu levar a cabo da requalificação da cobertura da Casa do Passal, que era propriedade da família Sousa Mendes.

No final do dia, ainda em Cabanas de Viriato, está prevista a inauguração de uma exposição da autoria do neto de um dos judeus salvo pelo diplomata. Eric Moed, arquitecto americano, vai abrir uma exposição à frente da casa do Passal.

O périplo de homenagem a Aristides de Sousa Mendes conta com a presença de cerca de 30 sobreviventes do Holocausto, de um total de cerca de 30 mil que foram resgatados pelo cônsul.

“Estamos a transformar os números em pessoas e é comovente”, afirma o neto Aristides, que quer ver perpetuada não só a memória do avô mas também a figura da avó Angelina. “Diz-se hoje que se não fosse a minha avó estar totalmente do lado dele, talvez ele não tivesse tido a coragem de fazer o que fez”, conclui.

A viagem de tributo ao cônsul de Bordéus, que começou no passado dia 9 de Junho, em França, com os sobreviventes do Holocausto, é organizada pela Fundação Sousa Mendes, pela Comissão Nacional Francesa de Homenagem a Aristides de Sousa Mendes e pela AJPN – Anónimos, Justos e Perseguidos durante o período Nazi.