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Milhares de motards ouvem Papa a dizer que a liberdade está em Deus

16 jun, 2013 • Filipe d’Avillez

Francisco alerta contra “ídolos humanos e passageiros, que oferecem o arrebatamento de um momento de liberdade mas no fim são portadores de novas escravidões e morte”.  

Milhares de motards ouvem Papa a dizer que a liberdade está em Deus
Cerca de 35 mil motards ouviram esta manhã o Papa Francisco dizer que a verdadeira liberdade está em Deus.

A Praça de São Pedro apresenta este domingo um aspecto fora do comum, fruto da presença de dezenas de milhares de motards que estão em Roma para um encontro que celebra o 110º aniversário da marca Harley Davidson.

A presença na missa desta manhã fazia parte do programa, que contava ainda com uma bênção do Papa às motas estacionadas na Via della Conciliazione, que conduz à Praça de São Pedro.

Os motards, e todos os outros fiéis que participaram na missa “Evangelium Vitae”, que este domingo se assinala, puderam ouvir o Papa exortar contra as escolhas que conduzem à morte.

“Deus é o Vivente, Jesus traz-nos a vida de Deus, o Espírito Santo introduz-nos e mantém-nos na relação vital de verdadeiros filhos de Deus. Muitas vezes, porém, o homem não escolhe a vida, não acolhe o ‘Evangelho da vida’, mas deixa-se guiar por ideologias e lógicas que põem obstáculos à vida, que não a respeitam, porque são ditadas pelo egoísmo, o interesse pessoal, o lucro, o poder, o prazer, e não pelo amor, a busca do bem do outro.”

O resultado, afirma o Papa é que “o Deus Vivo acaba substituído por ídolos humanos e passageiros, que oferecem o arrebatamento de um momento de liberdade, mas no fim são portadores de novas escravidões e de morte”.

“O Deus Vivo faz-nos livres!”, concluiu o Papa, “digamos sim ao amor e não ao egoísmo, digamos sim à vida e não à morte, digamos sim à liberdade e não à escravidão dos numerosos ídolos do nosso tempo; numa palavra, digamos sim a Deus, que é amor, vida e liberdade, e jamais desilude”.

As palavras da homilia do Papa tiveram por base a leitura do antigo testamento que narra a forma como o Rei David, depois de ter cometido adultério e engravidado a mulher do seu leal guerreiro Urias, manda que este seja colocado na frente da batalha para que seja morto, esperando assim esconder o seu pecado. O Papa explica que: “Quando o homem quer afirmar-se a si mesmo, fechando-se no seu egoísmo e colocando-se no lugar de Deus, acaba por semear a morte”.

O Papa falou também do Evangelho no qual Jesus Cristo escandaliza os seus contemporâneos ao contactar com uma prostituta, a quem perdoa os pecados, dizendo: “São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa, pouco ama”.

Durante a sua homilia o Papa enfatizou ainda que os cristãos devem ser espirituais sem, contudo, viverem “nas nuvens”.

“O cristão é uma pessoa que pensa e age de acordo com Deus na vida quotidiana, uma pessoa que deixa que a sua vida seja animada, nutrida pelo Espírito Santo, para ser plena, vida de verdadeiros filhos. E isto significa realismo e fecundidade. Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo é realista, sabe medir e avaliar a realidade, e também é fecundo: a sua vida gera vida em redor.”