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Turquia considera “inaceitáveis” comentários do Papa sobre genocídio

11 jun, 2013

Papa Francisco descreveu a morte de arménios às mãos do Império Otomano como o “primeiro genocídio do século XX”. Núncio na Turquia foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Turquia considera “inaceitáveis” comentários do Papa sobre genocídio
A Turquia reagiu mal à notícia de que o Papa Francisco tinha descrito a morte de mais de um milhão de arménios no Império Otomano como “o primeiro genocídio do século XX”.

As declarações do Papa foram feitas no início do mês de Junho, quando recebeu uma delegação de arménios católicos, e foram divulgadas num vídeo da agência “Rome Reports”. Mas só começaram a chamar mais atenção quando os meios de informação arménios os divulgaram em maior escala.

As palavras do Papa são audíveis na reportagem. Contudo, segundo a imprensa arménia, o Papa também terá dito à delegação que gostaria de presidir a uma celebração em Yerevan, capital da Arménia, em 2015, para assinalar o centenário do genocídio.

A República da Turquia, que substituiu o Império Otomano depois da primeira Guerra Mundial, rejeita a utilização do termo genocídio. No país é mesmo criminalizado o seu uso.

No passado fim-de-semana, o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado no qual descreve a actuação do Papa como “inaceitável”.

“O que se espera do Papado, sob a responsabilidade da sua missão espiritual, é que contribua para a paz no mundo, em vez de espicaçar a animosidade à volta de eventos históricos”, lê-se.

O Ministério adianta que o Núncio Apostólico em Ancara, responsável pela representação diplomática da Santa Sé na Turquia, foi chamado e informado do desagrado do Governo turco: “Foi-lhe dito que os comentários do Papa são inaceitáveis”.

“Enfatizámos que o Vaticano deve evitar tomar passos que possam ter consequências irreparáveis nas nossas relações”, diz ainda o comunicado.

Entre 1915 e 1923, milhões de arménios foram deportados do Império Otomano ou assassinados. As estimativas do número de mortos variam entre os 600 mil e 1.8 milhões.