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Papa Francisco não esquece a Síria

02 jun, 2013 • Filipe d’Avillez

No dia em que grande parte do mundo católico assinala o Corpo de Deus, o Papa dedicou a sua reflexão na oração do Angelus à passagem da multiplicação dos pães.  

Papa Francisco não esquece a Síria
O Papa Francisco voltou hoje a insistir nas orações e no apelo à paz na Síria.

No final da oração do Angelus, que teve lugar na Praça de São Pedro, como é habitual aos domingos, o Papa lamentou o conflito que se arrasta há mais de dois anos na Síria e “afecta especialmente a população desarmada, que aspira a uma paz na justiça e na compreensão”.

“Esta tormentosa situação de guerra traz consigo consequências trágicas: morte, destruição, graves danos económicos e ambientais, bem como a praga dos sequestros de pessoas. Ao deplorar estes factos, quero assegurar as minhas orações e a minha solidariedade pelas pessoas raptadas, bem como os seus familiares, e faço um apelo à humanidade dos sequestradores, para que libertem as suas vítimas”.

Recorde-se que há pouco mais de um mês foram raptados dois bispos de Alepo, ambos ortodoxos, que continuam desaparecidos.

Apesar de focar a guerra na Síria, o Papa lembrou também os pontos do globo que mostram sinais de esperança. “Quero encorajar os recentes passos alcançados, em vários países da América Latina, em favor da reconciliação e da paz. Acompanhêmo-los com as nossas orações”.

No dia em que grande parte do mundo católico assinala a solenidade do Corpo de Deus, que no calendário litúrgico calhou na passada quinta-feira mas que por comodidade é passada para o Domingo seguinte, o Papa dedicou a sua reflexão catequética à passagem do Evangelho que narra a multiplicação dos pães.

Para o Papa trata-se de uma manifestação de plena confiança em Deus, contrária à lógica humana, que deve ser entendida mais como o milagre do compartilhar do que da multiplicação.

“O envolvimento de Jesus é diferente [do dos discípulos] e decorre da sua união como Pai e da sua compaixão pelo povo, mas também da vontade de passar uma mensagem aos discípulos. Diante daqueles cinco pães, Jesus pensa: ‘eis a providência!’ Deste pouco Deus pode tirar o necessário para todos. Jesus confia totalmente no Pai celeste, porque para Ele tudo é possível.”

O Papa analisa alguns dos detalhes desta passagem, incluindo a divisão da multidão em grupos de cinquenta, algo que não é acidental: “Por isso pede aos discípulos para fazerem sentar a multidão em grupos de cinquenta – não é por acaso: isto significa que agora eles não são apenas uma multidão, mas várias comunidades, alimentadas do pão de Deus. Depois toma os pães e os peixes, levanta os olhos ao céu, recita a bênção – há aqui uma clara referência à Eucaristia – depois reparte-os e distribui aos seus discípulos e os discípulos distribuem… e o pão e o peixe não acabam!”

“Eis o milagre: mais que uma multiplicação, é o compartilhar… animada pela fé e pela oração”, conclui o Papa.

Terminado o Angelus, o Papa publicou mais um tweet na sua conta pessoal, dizendo: “A lógica mundana impele-nos para o sucesso, o domínio, o dinheiro; a lógica de Deus para a humildade, o serviço e o amor.”