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D. Manuel Clemente vê com gosto que já não se fala tanto de austeridade

30 mai, 2013 • Daniel Rosário

“Há uma responsabilidade acrescida das religiões em relação à resolução da crise”, insiste o novo Patriarca de Lisboa, à margem de um encontro em Bruxelas.  

O novo Patriarca de Lisboa congratulou-se esta quinta-feira com o facto de, tanto ao nível nacional como europeu, a austeridade estar a deixar de ser vista como a única resposta à crise.

“Vejo com gosto, relativo, mas com gosto, que o discurso quer das entidades políticas nacionais quer a nível europeu, vão acentuando que não é só com austeridade que se resolve a crise. Também precisamos de apoio, se não houver apoio ninguém resolve problema nenhum, nem o próprio nem o alheio”, afirma.

As declarações do ainda bispo do Porto foram feitas em Bruxelas, à margem da reunião que a Comissão Europeia promove anualmente entre os líderes de diferentes religiões e os responsáveis da Comissão, do Conselho e do Parlamento Europeu.

O encontro decorre numa altura em que a crise afecta a Europa. No caso português, a Igreja Católica tem estado na linha da frente da resposta aos seus efeitos, seja através de apelos, seja através da acção concreta junto de quem precisa.

“Creio que todas as instituições de solidariedade ligadas à Igreja, que são uma grande parte das instituições de solidariedade social em Portugal, têm estado na primeira linha não só para resolver problemas concretos mas também algo de estrutural, quando se pode. Mas quando se fala de problemas estruturais fala-se de investimentos e apoios que já não estão ao nosso alcance, mas é bom alertar para eles.”

Num encontro em que, além de católicos e outros cristãos estiveram presentes muçulmanos, judeus e hindus, D. Manuel Clemente constatou a existência de um denominador comum, a disponibilidade e responsabilidade das religiões para agir em tempo de crise.

“Há uma grande disponibilidade, as pessoas que aqui estão são, todas elas, líderes, com uma certa abrangência das respectivas confissões, há uma responsabilidade acrescida das religiões em relação à resolução da crise, isso há, pelo envolvimento dos seus crentes, também por motivos religiosos”, conclui.

A União Europeia decidiu consagrar 2013 aos cidadãos. O encontro deste ano decorreu precisamente sob o lema “Colocar os cidadãos no coração do projecto europeu em tempos de mudança”.