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Património da humanidade na Síria não resiste à guerra

29 abr, 2013

Todos os locais assinalados pela UNESCO já foram danificados ou mesmo destruídos. Mais recente vítima foi um minarete do século XI em Aleppo.

Património da humanidade na Síria não resiste à guerra
A guerra-civil na Síria não poupa sequer os locais culturais mais importantes do país. A destruição de um minarete do século XI, na cidade de Aleppo, foi o mais recente incidente a colocar em causa locais que são considerados património da humanidade pela UNESCO.

O minarete, construído em 1090, era a parte mais antiga da mesquita de Umayyad, um complexo que atraía, em tempos de paz, milhares de turistas todos os meses. A mesquita em si já tinha sido danificada, mas o minarete, a zona mais significativa, mantinha-se intacto. Toda a zona histórica de Aleppo é considerada património mundial, com o minarete a ser considerado um dos pontos de maior interesse. Para além deste incidente de destruição, também o mercado tradicional foi destruído num incêndio o ano passado.

Como tem vindo a ser hábito nestas ocasiões o Governo e os rebeldes acusaram-se mutuamente de ter destruído o edifício. A mesquita estava ocupada por rebeldes, que dizem que um carro de combate do exército disparou várias vezes sobre o minarete até este cair. Depois os militares tentaram tomar o complexo de assalto, mas terão sido repelidos. Não foi possível à imprensa independente verificar este relato dos acontecimentos.

Em declarações à Associated Press, Helga Seeden, especialista em arqueologia, da Universidade Americana de Beirute, compara a destruição deste minarete à do Taj Mahal ou a Acrópolis.

O minarete é apenas o mais recente local património da humanidade a ser danificado na Síria. O castelo Crac des Chevaliers, construído pelos cruzados, foi pilhado, as ruínas da cidade histórica de Palmyra foram danificadas, bem como a zona antiga de Damasco e as aldeias arqueológicas do norte da Síria, a zona histórica da cidade de Bosra. Estes são os seis locais assinalados pela UNESCO como património mundial.

O minarete foi destruído na semana passada e mereceu imediata reacção por parte da directora geral do órgão das Nações Unidas que determina estas classificações. Irina Bokova recordou novamente ao Governo e aos rebeldes que a Síria tem obrigação, à luz da Convenção de Haia para a Protecção dos Bens Culturais em caso de Conflito Armado, de proteger os locais históricos.