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Abortista acusado de homicídio gera debate nos EUA

17 abr, 2013 • Filipe d’Avillez

Kermit Gosnell é acusado do homicídio de uma mulher e de sete bebés mortos depois de terem sobrevivido a tentativas de aborto.

Abortista acusado de homicídio gera debate nos EUA
O julgamento do médico abortista Kermit Gosnell está a causar grande debate nos Estados Unidos.

Gosnell está em prisão preventiva desde 2011, altura em que uma inspecção da sua clínica revelou aquilo a que o relatório oficial apelidou de “uma casa de horrores”.

A acusação mais grave que pende contra Gosnell é de oito instâncias de homicídio. Um dos casos é da morte de uma cliente nepalesa durante um aborto, mas os restantes sete são de bebés que sobreviveram às tentativas de aborto feitas por Gosnell, nasceram vivos e foram alegadamente mortos pelo médico através do corte das colunas, no fundo da nuca, com tesouras.

Nas suas intervenções o médico usava instrumentos não esterilizados, o que levou à infecção de várias das suas clientes com doenças venéreas, e as condições higiénicas gerais encontradas pelos inspectores são descritos como terríveis.

Apesar de a acusação acreditar ter provas dos sete casos em questão, um funcionário de Gosnell admite ter feito o mesmo “centenas de vezes” e que essa era prática corrente na clínica.

Caso seja condenado, Gosnell pode enfrentar a pena de morte pelos seus crimes.

Mas o debate que actualmente está a assolar a América tem várias facetas. A principal, actualmente, tem a ver com a quase total ausência de cobertura mediática que o caso recebeu ao longo do último ano. Vários colunistas criticaram o facto de os mesmos repórteres que cobrem exaustivamente qualquer caso que envolva alegadas ameaças ao direito ao aborto não tenham dado atenção a Gosnell e ao seu julgamento.

Uma jornalista em particular, que se especializa na questão do aborto e assuntos sociais, quando questionada sobre o seu silêncio respondeu no twitter que não costumava cobrir “crimes locais”.

Na passada semana, a quarta desde que o julgamento começou, essas críticas chegaram finalmente à esfera política com alguns congressistas republicanos a questionar o facto e a acusarem os media de falta de isenção, preferindo não cobrir um caso que levanta sérias dúvidas legais e morais sobre o aborto no país.

De facto, alguns dos bebés alegadamente assassinados por Gosnell poderiam ter sido mortos exactamente da mesma maneira desde que o procedimento decorresse antes do nascimento, isto é, dentro da mãe, num processo que se chama aborto por nascimento parcial, ou aborto tardio, e que é legal na Pensilvânia até às 24 semanas, altura em que cerca de 50% dos fetos já são viáveis.

O Presidente Barack Obama também tem sido criticado uma vez que, enquanto senador no Estado de Illinois, votou contra uma proposta de lei que obrigaria os médicos a tentar salvar a vida de qualquer bebé nascido vivo, mesmo que resultasse de um aborto mal sucedido.

A Casa Branca recusou comentar o caso de Gosnell, por ainda estar a decorrer, mas um porta-voz confirmou que os factos são “desconcertantes”.