Emissão Renascença | Ouvir Online

Extremistas budistas atacam muçulmanos no Sri Lanka

01 abr, 2013

Grupos cingaleses pedem que os budistas tenham muitos filhos para “proteger a raça budista e cingalesa da nação”.

Depois de vários dias de conflitos em Myanmar (antiga Birmânia), irrompeu na última semana mais uma frente de violência entre muçulmanos e budistas, desta feita no Sri Lanka.

Centenas de extremistas budistas atacaram um armazém detido por muçulmanos nos arredores da capital, Colombo. Segundo a agência católica AsiaNews, o grupo era liderado por alguns monges budistas.

O ataque, que não terá feito vítimas, foi mais um incidente num longo conflito entre as comunidades. Os elementos extremistas são da comunidade étnica cingalesa, a maioritária, e protestam contra o que entendem ser uma abertura à tolerância religiosa que ameaça a identidade étnica e religiosa da ilha.

Este incidente terá sido espoletado por uma greve, convocada por uma associação muçulmana, em protesto precisamente contra o aumento da retórica anti-islâmica.

Entre os apoiantes destes grupos extremistas encontram-se alguns religiosos budistas, incluindo um monge influente chamado Thero Medagoda Abayathissa, que recentemente apelou às famílias budistas que “tenham cinco ou seis filhos, para que a população cingalesa cresça e possa proteger a raça budista e cingalesa da nação”.

Os budistas insistem que o Sri Lanka “não é um país multirracial e multirreligioso, mas uma nação cingalesa e budista”, pelo que os cingaleses devem “estar preparados para protestar contra os extremistas muçulmanos e cristãos a trabalhar no país”, segundo o AsiaNews.

Os cingaleses são o maior grupo étnico no Sri Lanka, com 73,8% da população. Em termos religiosos o Budismo é a religião oficial e representa 69,1% da população. Muçulmanos são 7,9%, na sua maioria da etnia tâmil.

O Cristianismo foi introduzido no Sri Lanka pelos portugueses no século XVI e hoje conta com 6,1% da população, dividido entre cingaleses e tâmiles.