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Patriarca exorta padres ao "entusiasmo pela santidade"

28 mar, 2013 • Filipe d'Avillez

D. José Policarpo recorda que o celibato sacerdotal não é apenas privação, mas uma nova maneira de amar que dá uma densidade nova ao amor.

O Patriarca de Lisboa exortou, nesta Quinta-feira Santa, os padres do patriarcado a sentirem “entusiasmo pela santidade”.

Na missa crismal que se celebrou esta manhã na Sé de Lisboa, D. José Policarpo falou um pouco da experiência em Roma, antes do conclave que elegeu o novo Papa, e disse que o “problema dos sacerdotes foi tema forte” nas reuniões.

“A Igreja foi ferida pelos pecados de tantos sacerdotes, que escandalizaram o mundo. Mas também foi dito que é preciso partir, com confiança, do testemunho de santidade e de vida entregue a Cristo e à Igreja, da maior parte dos sacerdotes que procuram viver a sua vida na fidelidade a Cristo e aos irmãos e que a Igreja será sempre o lugar da misericórdia e da conversão.”

“Este tem de ser um momento de entusiasmo pela santidade, exigida pelo nosso ministério, de busca da conversão e de confiança na misericórdia. O Papa Francisco já deu sinais de querer conduzir a Igreja para esse tempo de esperança, de autenticidade e simplicidade evangélica, que leve não apenas a sanar os pecados, mas a evitá-los, na consciência clara de que o nosso sacerdócio é uma exigência de santidade”, disse.

A homilia de D. José Policarpo foi dirigida de forma especial aos padres, uma vez que esta é uma missa na qual tradicionalmente todos os sacerdotes da diocese se reúnem com o seu bispo. Durante a celebração são benzidos os óleos que serão usados durante o ano litúrgico para os sacramentos do baptismo, crisma, ordenações e unção dos doentes.

Outro tema abordado pelo Patriarca foi o do celibato obrigatório para os padres da Igreja Católica Romana. “As infidelidades a esta consagração virginal, no celibato, estiveram no centro dos recentes escândalos do clero. O celibato dificilmente se aguenta concebido apenas como privação. Ele é uma nova maneira de amar, participando da maneira de Cristo amar, leva-nos a dar uma qualidade e densidade nova ao amor com que amamos as pessoas, desafiando aqueles e aquelas que nos amam, a não o fazerem segundo a carne e o sangue, mas partilhando do Espírito do amor divino”.

“Este amor é algo de novo que o mundo não conhece, mas que é fonte de felicidade e alegria”, insistiu D. José Policarpo, concluindo a dizer: “Tenhamos consciência que a mentira na nossa maneira de amar, pode significar a mentira de toda a nossa vida. O nosso sacerdócio não é só função, é anúncio desse amor definitivo que Cristo mereceu para nós, no seu sacrifício pascal”.