Emissão Renascença | Ouvir Online

"Papa foi desobediente. Não se deixou tomar pelo protocolo do Vaticano"

21 mar, 2013

O novo Papa Francisco “sabe muito bem aquilo que quer e creio que estes gestos não são gestos sem mais”, sublinha o bispo auxiliar de Lisboa.

"Papa foi desobediente. Não se deixou tomar pelo protocolo do Vaticano"

O bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, destaca a importância dos primeiros gestos do novo Papa Francisco, que tem sido “claramente desobediente” ao protocolo do Vaticano.

“Sendo eleito Papa, de certa forma, poderia ficar nesta primeira semana dominado por aquilo que é habitual o Papa fazer e ser obediente àquilo que é habitual o Papa fazer. Ora, ele foi claramente desobediente neste sentido, não se deixou tomar pelo protocolo do Vaticano”, afirmou D. Nuno Brás, no debate de actualidade religiosa das quartas-feiras, na Renascença

Para o prelado, o Papa Francisco “sabe muito bem aquilo que quer e creio que estes gestos não são gestos sem mais”. 

Num balanço dos primeiros dias do novo Papa argentino, a jornalista vaticanista Aura Miguel destaca o seu “discurso muito acessível e muito compreensível” .

“Ele tem um discurso completamente óbvio, completamente directo, chama-lhe aqui [no Vaticano] um pároco do mundo inteiro”, refere a jornalista da Renascença que acompanhou o conclave.

Aura Miguel refere que o Papa Emérito Bento XVI “fascinava muitos sectores, sobretudo pela sua elegância, a sua profundidade, a maneira como escrevia e falava, mas para o cidadão comum, se calhar, estava muito longe este tipo de discurso”.

Para Pedro Vaz Patto, os gestos do Papa Francisco, o primeiro latino-americano, não são retóricos, nem meramente simbólicos, são coerentes com o trajecto do próprio.

O estado de graça do Papa Francisco não vai durar para sempre, refere Pedro Vaz Patto, porque vai tomar posições “contra a corrente e a cultura dominante”, mas estes gestos dão-lhe credibilidade e força para depois enfrentar outras questões.

O novo Sumo Pontífice pode estar a preparar uma forma diferente de se relacionar com a Igreja Ortodoxa, vaticina Vaz Patto no debate de actualidade religiosa das quartas-feiras na Renascença.