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Crise “grega” coloca à prova comunhão ortodoxa

18 mar, 2013 • Filipe d’Avillez

Igreja Greco-Ortodoxa de Antioquia ameaça romper a comunhão com as restantes por causa da nomeação de um bispo pela Igreja Greco-Ortodoxa de Jerusalém.  

Crise “grega” coloca à prova comunhão ortodoxa
A nomeação de um bispo para os fiéis ortodoxos do Qatar, por parte do Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, está a causar um grave conflito no seio da comunhão das igrejas ortodoxas uma vez que o território pertence à jurisdição da Igreja Ortodoxa de Antioquia, chefiada por João X.

Ambas estas igrejas, de tradição bizantina, pertencem à comunhão ortodoxa, que inclui as igrejas grega e russa, por exemplo, e que tem como “primus inter pares” o Patriarca Bartolomeu I, de Constantinopla. A sua é, contudo, uma primazia de honra e não de autoridade.

As Igrejas são autocéfalas, isto é, não interferem no governo umas das outras, apesar de pertencerem à mesma comunhão. Um dos princípios basilares da comunhão é o respeito pelo território de cada patriarcado.

A decisão por parte da Igreja de Jerusalém foi questionada pela de Antioquia e, uma vez confirmada, solicitou-se que não se avançasse com a consagração, mas esta aconteceu à mesma, no dia 10 de Março.

Esta discussão traz à tona uma tensão existente entre os ortodoxos de tradição grega no Médio Oriente. Muitos dos seus fiéis são árabes, como é o caso dos ortodoxos da Igreja de Antioquia, que tem também uma hierarquia árabe. Porém, a Igreja Greco-Ortodoxa de Jerusalém tem uma hierarquia quase exclusivamente grega, apesar de todos os fiéis indígenas serem árabes, sobretudo palestinianos.

Esta diferença cria algum ressentimento e alimenta alguma tensão entre as igrejas e mesmo no seio das mesmas.

A Igreja de Antioquia garante que continuará a tentar resolver a questão, na esperança de não ter de tomar “medidas extremas”, que poderão passar pelo abandono da comunhão.