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Miguel Relvas interrompido pela "Grândola Vila Morena"

18 fev, 2013 • André Rodrigues

Ministro discursava em Gaia quando um grupo de manifestantes começou a cantar a música de Zeca Afonso. Miguel Relvas também cantou.

Um grupo de manifestantes entoou esta segunda-feira a canção "Grândola Vila Morena" durante uma intervenção do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia. Miguel Relvas falava há cerca de dois minutos quando cerca de 20 pessoas começaram a cantar a música de Zeca Afonso, uma das senhas da revolução do 25 de Abril de 1974.

O ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que no domingo disse que a taxa de desemprego lhe tirava o sono, começou por assistir em silêncio e depois até acabou a cantar. Os manifestantes não se identificaram e disseram que estavam ali concentrados espontaneamente, dando seguimento ao direito de reunião e de protesto contra as políticas do Governo.

De seguida, ânimos exaltados com o moderador a querer prosseguir o debate, mas a ser impedido por alguns elementos do público que insistiam no confronto verbal com o ministro dos Assuntos Parlamentares. Passaram breves minutos e o debate seguiu, com a calma possível, mas do momento político  muito pouco se falou.

Na parte do debate em que a assistência podia fazer perguntas, Miguel Relvas ouviu frases duras como "eu não gosto do senhor, eu não gosto do seu Governo" ou "tenho que lhe dar os parabéns, porque eu tenho que reconhecer que é um homem de coragem - não sei é se tem a mesma dose de dignidade".

Impávido, o governante voltou a responder sobre alegadas inconformidades na sua licenciatura e garantiu que nada tem a esconder, criticando "a calúnia e as injustiças". Quanto ao futuro do país pós-resgate, Miguel Relvas acredita que, no fim, os sacrifícios terão valido a pena. A sétima avaliação da "troika" será mais um passo positivo, sublinha.

A ida ao Clube dos Pensadores foi um exame difícil para o ministro dos Assuntos Parlamentares, que aceitou debater sem condições prévias. "Sabia o que ia encontrar, mas o que me satisfez mais foi que a larga larga maioria queria mesmo debater, concordado ou não concordando", salientou.

No final, Miguel Relvas ainda deixou uma nota de optimismo, tantas vezes reafirmada: "Portugal vai vencer a crise".

Na sexta-feira passada, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho também foi interrompido na Assembleia da República por um grupo de indignados que entoou a "Grândola Vila Morena".


[notícia actualizada às 02h23]