Sampaio critica Governo. Reforma do Estado é “inenarrável”

A reforma do Estado está a ser feita de forma casuística e com grande amadorismo. Tudo isto “é inenarrável”, desabafa Jorge Sampaio, em entrevista ao Expresso.

O ex-Presidente da República considera que o Governo devia ter começado o processo de reforma do Estado há mais tempo e através da elaboração de um livro branco de medidas que pudessem, depois, ser discutidas.

Sampaio lamenta que se esteja a perder, na sociedade portuguesa, o hábito de construir e alimentar a coesão nacional, tal como se está a deteriorar, de forma muito preocupante – diz – o diálogo político destinado a chegar a decisões consensuais.

Cita como exemplo, o facto do Governo nunca se ter esforçado por incluir o PS numa conversa permanente e não pública sobre a governação.

Na análise que faz da situação actual, Jorge Sampaio sublinha que estamos cercados de credores. Nesta entrevista, pronuncia-se também sobre o relatório do Fundo Monetário Internacional, considerando que contém muitas sugestões interessantes, apesar de haver dados errados e uma forte componente ideológica.

O ex-Presidente da República pronuncia-se ainda sobre a Constituição, para dizer que a lei fundamental não pode ser culpada pelas incapacidades políticas.

Quanto ao Tribunal Constitucional, Sampaio reconhece que há tentativas de pressão, mas conclui que só é pressionado quem se deixa pressionar.