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Marques Mendes pede menos "frieza tecnocrática" aos ministros

08 dez, 2012

Antigo presidente do PSD considera que "falta afectividade" no discurso.

O ex-líder social-democrata Marques Mendes criticou a "frieza tecnocrática" do Governo na comunicação de algumas medidas de austeridade e defendeu que áreas como a reforma administrativa podem afectar a "coesão" se "não forem explicadas".

"Às vezes, os ministros podiam falar das matérias com mais afectividade e pedagogia e com menos frieza tecnocrática", afirmou Marques Mendes durante a Universidade Política do PSD/Lisboa, em Sintra. "A mesma coisa pode ser dita de várias maneiras. Falta afectividade e há excesso de tecnocracia. As pessoas não são números."

Durante o evento, um jovem participante, que apontou Marques Mendes como "muito crítico" do Governo, perguntou ao antigo presidente do PSD se achava que o governo de José Sócrates "faria melhor" que o actual.

"Eu não sou muito crítico da esmagadora maioria das decisões do Governo, sou muito apoiante até, em geral", começou por responder Marques Mendes. Já em relação ao desempenho do PS e a José Sócrates, o antigo dirigente deixou uma opinião inversa: "Eu espero que ele não vá ressuscitar. Isso não faria bem à saúde democrática do país".

Marques Mendes acrescentou que o PS, mesmo "com outro líder no governo, estaria a fazer essencialmente o mesmo, apesar de dizer o contrário". "Noventa por cento do que é feito por este Governo é imposto pelo exterior e, para os restantes 10%, não há grande dinheiro para fazer substancialmente diferente."

Antes, a propósito de uma outra pergunta sobre a redução de freguesias em Lisboa, Luís Marques Mendes considerou que este é "um esforço difícil, mas positivo", porque há "freguesias a mais". Ainda assim, criticou que "do ponto de vista do discurso se acentue o que não é verdadeiro", ou seja, "que é para poupar dinheiro".

"As pessoas nos meios rurais olham para a freguesia como se fosse sua propriedade. Se isto não é bem explicado, vai deixar marcas do ponto de vista da coesão. Sei que em Sintra, Cascais ou Lisboa isto vos não diz nada, mas o país é urbano e é rural e é positivo que assim seja", afirmou.

O antigo dirigente do PSD disse ainda que "a par de uma política de austeridade, que é indispensável para colocar o país a viver dentro das possibilidades", é preciso "cuidar de uma agenda para o crescimento".