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Freitas do Amaral defende eleições antecipadas

05 nov, 2012

"Governo não é capaz de rectificar um único erro" nem de "negociar com voz grossa com a 'troika'", acusa o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-líder do CDS.

Freitas do Amaral defende eleições antecipadas

Freitas do Amaral considera que o "Governo governa mal" e defende a realização de eleições legislativas antecipadas.

"O único sinal de esperança em democracia, quando um Governo governa mal, é eleições", disse Freitas do Amaral aos jornalistas à margem de uma conferência na Livraria Ferin, em Lisboa, promovida e dirigida pelo eurodeputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro.

Quanto ao "timing" das eleições, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-líder do CDS considera que não deve ser agora, que acabou de ser aprovado o Orçamento do Estado, mas sim "a partir de Janeiro, no momento em que o Presidente da República, as forças políticas, o Conselho de Estado, entenderem que é mais oportuno para o país".

"O Governo não é capaz de rectificar um único erro, não é capaz de negociar com voz grossa com a 'troika', com as potências que estão por trás da 'troika'. O Presidente da República entende que não deve intervir, portanto, o sistema está num impasse, o nosso sistema político está bloqueado. A única maneira de desbloquear um sistema político democrático é através de eleições", sustenta Freitas do Amaral.

"PS fez muito bem em recusar diálogo" sobre refundação
Freitas do Amaral considera que "o PS fez muito bem em recusar" qualquer diálogo sobre a refundação do Estado Social e acrescenta que "se houvesse um partido democrata-cristão autêntico em Portugal, [esse partido] também recusaria". 
 
"Não sei o que é [a refundação do Estado Social]. O termo 'refundação' pode aplicar-se a instituições, agora a refundação de um memorando é qualquer coisa que não existe em Direito. Significa a refundação do Estado - o Estado português foi fundado por D. Afonso Henriques em 1143 e não precisa de ser refundado por ninguém, muito menos por este Governo", afirmou o antigo dirigente centrista e candidato a Presidente da República.

Por outro lado, o antigo governante acrescentou que "se o que se pretende dizer é [que se trata de uma] reforma do Estado, então diga-se".
 
Freitas do Amaral explicou ainda que esta [reforma do Estado] pode abranger os poderes legislativo, executivo, judicial e administrativo ou, "se se fala num sentido restrito, na reformulação das funções sociais do Estado, que é como quem diz não refundação, mas mutilação do Estado Social".

"Estão a gozar com o povo português"
O antigo ministro sublinha que se o Governo "estivesse interessado em procurar uma alternativa que merecesse um apoio amplo", com o PS e os parceiros sociais, "não começava por dizer que o resultado destas nossas conversas terá que ser cortar 4 mil milhões nas funções sociais do Estado, não se pode começar uma negociação difícil pelo fim".

"Isto é um disparate pegado, estão a gozar com o povo português e o povo português vai chegar a um momento e vai revoltar-se. Andam a brincar connosco, é um Governo completamente irresponsável, não sabe o que faz e não sabe o que diz", acusa.

Freitas do Amaral foi o convidado desta semana do ciclo de conferências na Livraria Ferin, em Lisboa, onde falou sobre a obra "Os princípios de uma política humanística", de Jacques Maritain.