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Cantam os Lusíadas provisorio

26 set, 2012

Neste 10 de Junho, dia de Camões, o poeta volta partir da "ocidental praia lusitana" numa viagem conduzida por dez portugueses entre as maravilhas e tormentas dos dez cantos dos Lusíadas. Partem nesta Armada do ano 2013 um pensionista, uma antiga ministra, um estrangeiro, um ministro em funções, uma desempregada, um militar, uma quase enfermeira, um músico, uma aluna do 9º ano e um empresário.

Cantam os Lusíadas provisorio
Pedro Passos Coelho citou "Os Lusíadas" para defender que, apesar de não poder ser subestimada "a corrente em que o navio português foi posto", há "ventos favoráveis a soprar" nas suas velas.

O primeiro-ministro falava numa homenagem a Adriano Moreira, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, onde foi vaiado por um grupo de estudantes.

Passos Coelho citou uma estrofe de Luís Vaz de Camões para terminar a sua intervenção. "Camões fala-nos aqui de uma corrente que nos arrasta para trás e que é mais poderosa do que os ventos que nos impelem para a frente. Mas hoje em Portugal, se é certo que não podemos subestimar a corrente em que o navio português foi posto - até porque estamos todos os dias a sentir dolorosamente a sua força -, também temos de reconhecer que há ventos favoráveis a soprar nas nossas velas", defendeu.

"E serão ventos mais favoráveis quanto mais firmes, quanto mais hasteadas, quanto mais resistentes forem as nossas velas: as velas da nossa economia, das nossas leis, das nossas instituições; mas também da nossa vontade e da nossa determinação", concluiu.

Passos Coelho disse que tendo em conta o "muito que se diz sobre a situação actual do país" e a dimensão das "dificuldades", por vezes parece que Portugal se encontra "naquela situação descrita nos Lusíadas a propósito da frota portuguesa que cruzava o Oceano Índico, depois de já ter percorrido um longo caminho, mas ainda sem avistar a Índia".

Antes, em ligação com as palavras de homenagem a Adriano Moreira, que dominaram o discurso, o primeiro-ministro falou da importância dos "valores" e das "instituições" na vida colectiva, defendo que é "na sabedoria alicerçada nesses mesmos valores" que se devem depositar as "esperanças".

"Isso exige uma permanente renovação dos nossos compromissos com a democracia, com a liberdade e com a igualdade. Com a paz e cooperação entre os povos. Com o combate à pobreza, à injustiça e à exclusão. Com a solidariedade entre nações, pessoas e grupos sociais. Com a nossa identidade nacional. Com as potencialidades e criatividade do espírito humano. E com a abertura da prosperidade e da justiça para todos", sustentou.

O primeiro-ministro foi vaiado por jovens estudantes à entrada e à saída de uma conferência de homenagem a Adriano Moreira. Chegou a gerar-se alguma confusão, com a segurança de Passos Coelho a procurar evitar filmagens por parte de uma estação de televisão. Um dos jovens chegou a chegou a ser identificado pela polícia.

Também sobressaiu uma jovem que lhe gritou querer emigrar e pediu para o Governo não tirar mais dinheiro aos seus pais.