28 mar, 2012 • Carlos Calaveiras
“O Orçamento Rectificativo não inclui mais medidas de austeridade”, diz o primeiro-ministro que, no entanto, não jura que isso não possa acontecer no futuro.
Em entrevista à TVI, Pedro Passos Coelho garante que o Orçamento Rectificativo que vai ser apresentado nos próximos dias não vai ter mais medidas de aperto de cinto para os portugueses. No entanto, volta a chamar a atenção para as condições externas que podem condicionar a situação interna.
O governante deixa também outra certeza: Para o ano, Portugal não estará em recessão e já a partir do último trimestre de 2012 vai ser visível alguma recuperação económica que se vai consolidar em 2013. Já este ano, a recessão vai ser de 3.3%, reafirma.
Uma grande preocupação do Executivo é o desemprego (“uma chaga” no nosso país), especialmente o desemprego jovem, “já superior a 35%”.
O Governo e a “troika” estão satisfeitos com a forma como o programa de ajuda está a ser implementado e Passos Coelho reafirma que Portugal tudo vai fazer para “cumprir os objectivos” e que “não vai pedir mais tempo porque isso seria baixar os braços”.
Precisamente sobre a “troika”, o primeiro-ministro lembra que “a cada três meses [aquando das visitas ao nosso país] há reajustamentos”.
Apesar disso, Passos deixa uma espécie de alerta: "Se alguma coisa exterior nos impedir de regressar aos mercados é tranquilizador saber que a ajuda internacional será mantida" e "acharia natural" que o FMI esclareça em que condições isso pode vir a acontecer”.
O primeiro-ministro anunciou ainda que o Governo tem estado a renegociar as rendas do sector energético, procurando que os consumidores sejam "menos penalizados", e que "esse processo será concluído nas próximas semanas".
Já como líder do PSD, Passos Coelho diz que a comissão autárquica do partido vai ser liderada por Jorge Moreira da Silva e terá mais três dirigentes e pede ao PS que amadureça a sua posição sobre “a regra de ouro” que tem que ser transposta para a legislação portuguesa.
Oposição crítica falta de sensibilidade social e transparência
Nas reacções partidárias a esta entrevista, o líder da bancada parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, considera que o primeiro-ministro revelou pouca sensibilidade social.
Por seu lado, Bernardino Soares, do PCP, considera que Passos Coelho fugiu à pergunta sobre a equidade dos sacrifícios.
Já o Bloco de Esquerda, pela voz do deputado Luís Fazenda, sublinha o facto do Chefe do Governo não ter sido claro sobre a necessidade de mais medidas de austeridade.
Em sentido contrário, Pedro Pinto, deputado do PSD, considera que Passos Coelho falou verdade ao país. Quanto a Teresa Caeiro, pelo CDS-PP, destaca o realismo e coerência nas palavras do primeiro-ministro.