Sócrates justifica que falava do pagamento da dívida “integral e no imediato”

José Sócrates veio justificar-se na televisão pública e dizer que "ideia de criança" é pagar a dívida toda de uma vez só.  “Refiro-me naturalmente ao pagamento integral, imediato, da dívida de Portugal. Aliás referi-me não apenas à dívida de Portugal mas também à dívida de Espanha, disse Sócrates, em declarações à RTP a partir de Paris.

"Dizer-se que a ideia de pagar imediatamente a totalidade da dívida e fazê-lo no próximo ano parece-me realmente uma ideia infantil", acrescentou.

O ex-primeiro-ministro falava sobre declarações que fez numa palestra, segundo as quais "para pequenos países como Portugal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança".

As declarações de José Sócrates motivaram um esclarecimento do próprio, esta noite, em entrevista à RTP. O ex-primeiro-ministro afirmou hoje que "os Estados sempre tiveram dívida" e sublinhou que "o importante é que tenham essas dívidas geridas de forma a oferecer confiança" aos investidores que vão comprar essa dívida.

Sobre as críticas que lhe foram feitas pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que considerou que as declarações explicam "como o sector público atingiu a dívida absolutamente astronómica" que tem, José Sócrates recusou entrar em polémicas com quem o critica "com base em factos deturpados".

"Dirigi-me àqueles que estão de boa-fé, de coração limpo, que percebem muito bem o que eu quis dizer. Não quero alimentar polémicas com quem não perde uma oportunidade para atacar os adversários políticos baseado em factos que são deturpados", disse.

O ex-primeiro-ministro disse, por outro lado, ver "com muito bons olhos" que actualmente em Portugal "se perceba finalmente que o problema é europeu, se não mundial" e considerou que quem insiste em qualificar a crise da dívida como um problema português "está a prejudicar o interesse" de Portugal.

José Sócrates foi também questionado acerca da possível revisão dos tratados europeus proposta pela França e pela Alemanha, respondendo que uma tal revisão "não [o] incomoda nada" desde que "vá no sentido de um reforço democrático" do projecto europeu.