04 set, 2015 • Henrique Cunha
O PS manifesta vontade de anular a concessão do Metro do Porto e da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) caso venha a formar Governo, afirma o deputado João Paulo Correia.
"Se o PS for Governo, há condições para anular os dois concursos", diz João Paulo Correia. "Não estou em condições, a 100%, de dizer que o faremos, porque há questões legais que têm de ser devidamente apuradas nos próximos dias, mas a vontade política é anular os dois concursos e relançar um concurso. Entendemos que o interesse público aqui foi altamente prejudicado."
Por considerar todo o processo de subconcessão das duas empresas de transportes pouco transparente, o PS avançará no início da próxima legislatura com uma comissão de inquérito a este processo.
"O Governo esconde informação da oposição, dos trabalhadores, dos autarcas. Ninguém acredita que se consegue fazer, em 15 dias, um concurso de 870 milhões de euros, com o mesmo caderno de encargos que há um ano não despertou interesse de nenhuma empresa a operar em Portugal e, de repente, passa a despertar interesse. Há aqui muita matéria escondida que tem de ser apurada numa comissão de inquérito", atira João Paulo Correia.
À Renascença, o fundador da Metro do Porto, o também socialista Fernando Gomes, classifica o processo de "irresponsabilidade democrática".
A Alsa ganhou a subconcessão da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, enquanto a do Metro do Porto será entregue à Transdev, foi anunciado esta sexta-feira.
"Golpada", acusa PCP
O Partido Comunista questiona a legalidade desta subconcessão por ajuste directo. O deputado Jorge Machado considera que o país está perante uma "golpada do Governo a um mês das eleições".
A CGTP anuncia uma acção popular para travar a entrega a privados do Metro do Porto e da STCP.
"Há aqui uma clara violação da lei que não pode passar de forma impune sem levar a que o Governo seja responsabilizado judicialmente", disse o líder da central sindical, Arménio Carlos, durante uma conferência de imprensa, no Porto.
Para a CGTP, todo o processo está envolto num enorme secretismo. A central sindical exige a divulgação pública dos contratos agora anunciados.