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Jorge Sampaio. "Os portugueses são um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente"

24 jul, 2015

Emoção e elogios. Assim foi o discurso de aceitação do Prémio Nelson Mandela pelo antigo Presidente Jorge Sampaio.

Jorge Sampaio. "Os portugueses são um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente"
Emoção e elogios. Assim foi o discurso de aceitação do Prémio Nelson Mandela pelo antigo Presidente Jorge Sampaio. Num discurso dedicado sobretudo a fazer uma análise dos desafios do mundo actual, Jorge Sampaio reservou algum tempo para falar da sua história pessoal e dedicou o prémio aos portugueses.
O antigo Presidente Jorge Sampaio disse esta sexta-feira nas Nações Unidas, durante o discurso de aceitação do Prémio Nelson Mandela, que "os portugueses são um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente".

"Perdoem-me por esta evocação mais pessoal e nacional. Mas devo dedicar esta aclamação ao meu país e aos meus caros concidadãos. Os portugueses são um povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente. São tolerantes, têm a mente aberta e são cooperantes. Sempre repeti incessantemente que o melhor que o nosso país tem são as suas pessoas, homens e mulheres de esperança, perdão e resistência", disse Jorge Sampaio, na única vez em que se emocionou durante o discurso de 15 minutos.

Num discurso dedicado sobretudo a fazer uma análise dos desafios do mundo actual, Jorge Sampaio reservou algum tempo para falar da sua história pessoal.

"Há várias, longas... décadas era um estudante universitário no meu país, Portugal, e vivíamos com medo, sob um controlo repressivo sufocante e um regime político repressivo. Éramos uma sociedade atrasada, subdesenvolvida devido às guerras coloniais, aos cérebros que partiam e a enormes níveis de imigração. Nessa altura, Portugal estava isolado, diplomaticamente isolado das organizações europeias e de outros fóruns democráticos", começou por explicar.

Sampaio usou depois o exemplo do país para mostrar como o mundo pode lidar com os desafios da actualidade.

"Ainda assim, em 1974, tivemos a nossa revolução democrática e grandes mudanças foram introduzidas, trazendo esperança e um futuro mais brilhante para o povo português", disse.

Sampaio teve em seguida uma palavra para os países de língua oficial portuguesa, assumindo-se "orgulhoso por metade dos primeiros recipientes do prémio ONU falar português."

Assim, disse, não é apenas em Portugal que este prémio encontra ressonância, mas em todo mundo, através do Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste.

"Deixem-me prestar tributo a todos os membros da nossa família que fala português e que aqui está hoje e celebrar a nossa união na nossa diversidade", disse Sampaio.

"Longa caminhada para a liberdade e justiça"
Grande parte do discurso de Jorge Sampaio foi, aliás, dedicada aos agradecimentos.

"Este prémio é-me apenas confiado. É por isso que gostava de falar por todas as pessoas que conheci a volta do mundo e com quem tive o privilégio de trabalhar", disse, nomeando organizações e pessoas que "são os verdadeiros nomeados deste prémio e os companheiros de Nelson Mandela na longa caminhada para a liberdade e justiça."

Presidente da República durante 10 anos (1996 a 2006), foi também presidente da Câmara de Lisboa. De 2006 a 2012 foi enviado especial da ONU na luta contra a tuberculose.

Nos últimos anos tem investido numa iniciativa para fornecer subsídios de emergência para que estudantes sírios possam continuar os seus estudos, apesar da guerra na Síria, a chamada "Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios".

No texto em que anunciava os premiados, as Nações Unidas citavam os esforços de Jorge Sampaio como "grande apoiante da democracia portuguesa", desde o tempo de estudante em que era um activista político e depois do 25 de Abril, como político.

E falam do Jorge Sampaio Presidente, trabalhando para construir uma imagem de um Portugal democrática e moderna enquanto apoiava a integração europeia e supervisionava a entrega de Macau à China.

Helena Ndume criou nos últimos 20 anos centros de tratamento oftalmológicos em toda a Namíbia. Já ajudou cerca de 30 mil pessoas a recuperar a visão e a ter atendimento gratuito para problemas com cataratas. Dirige actualmente o serviço de oftalmologia do hospital central de Windhoek.