Emissão Renascença | Ouvir Online

Paulo Morais. "Vieram a Portugal aos saldos e Passos Coelho foi o caseiro"

15 jul, 2015

Candidato presidencial convida Tsipras a ver as consequências da austeridade em Portugal e promete estratégia global de combate à corrupção a começar pelo Parlamento.

Paulo Morais. "Vieram a Portugal aos saldos e Passos Coelho foi o caseiro"
O candidato presidencial Paulo Morais convida Tsipras a ver as consequências da austeridade em Portugal e promete estratégia global de combate à corrupção a começar pelo Parlamento.

O candidato presidencial Paulo Morais critica as privatizações a "preço de saldo" dos últimos anos e convida o primeiro-ministro grego a visitar Portugal para ver os resultados "trágicos" do programa da troika.

"Acho que o primeiro-ministro grego devia vir a Portugal ver as consequências negativas do plano de austeridade que foi aplicado cá e que agora querem replicar na Grécia", afirma Paulo Morais em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença.

Para o antigo vice-presidente e vereador da Câmara do Porto, "os últimos dez anos foram trágicos sob o ponto de vista económico para o tecido produtivo português e para a economia dos próximos 50 anos".

Primeiro, argumenta, "as parcerias público-privadas de José Sócrates e mais um conjunto de negócios levaram o país à bancarrota".

Aproveitando esse situação, acusa, "um conjunto de grupos económicos, essencialmente europeus, vieram a Portugal aos saldos e Passos Coelho foi o caseiro que vendeu a retalho o pouco que restava no Estado português".

Mas o actual Governo tinha alternativa? Paulo Morais responde "claro que sim", porque o Executivo foi "muito além" do que a troika pedia para as metas das privatizações.

"Passos Coelho e os seus amigos criaram em Portugal uma nova estrutura de poder económico à custa das privatizações, sem qualquer sentido estratégico", diz Paulo Morais. E dá o exemplo dos CTT.

"Combate à corrupção tem de começar no Parlamento"
Paulo Morais apresenta-se como um candidato "contra-regime", define-se como um "social-democrata moderno" e o combate à corrupção é uma das suas principais bandeiras.

Se for eleito Presidente da República nas eleições de Janeiro do próximo ano, promete que o seu primeiro acto será convocar o Parlamento para "definir uma estratégia global de combate à corrupção", que passa por redefinir o regime de incompatibilidades dos deputados.

"Essa estratégia tem de começar no próprio Parlamento. Não podemos permitir mais que várias dezenas deputados sejam, simultaneamente, administradores, directores ou consultores de empresas que têm grandes negócios com o Estado", defende o vice-presidente da associação Transparência e Integridade, com mandato suspenso.

Presidentes "manietados" por partidos e poder económico
Nesta entrevista à Renascença, Paulo Morais considera que Cavaco Silva e os outros presidentes não cumpriram a Constituição, porque estavam manietados pelos partidos e interesses que os colocaram no lugar.

"Este Presidente, e eventualmente os anteriores, permite que um conjunto de princípios de valores constitucionais seja violado porque os presidentes, por via dos apoios partidários e dos financiamentos das suas campanhas, quando chegam à Presidência estão muito manietados. É difícil um Presidente de um partido, com campanha financiada por um fundo de investimento imobiliário, depois enfrentar esses interesses", atira o candidato a Belém.

Paulo Morais diz que, para ser completamente independente, não tem nem quer o apoio de qualquer partido.

Garante que vai fazer uma "campanha 'low cost'", sem "'outdoors', caravanas e jotas" atrás de si pelo país. Tenciona gastar cerca de 200 mil euros, que espera recuperar através da subvenção relativa aos votos que conseguir.