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As contas de Cavaco. "Se a Grécia sair, a Zona Euro fica com 18 países"

29 jun, 2015

"Eu espero bem que os gregos acabem por regressar à mesa das negociações", diz Presidente da República. Paulo Portas volta ao discurso do "Portugal não é a Grécia".

As contas de Cavaco. "Se a Grécia sair, a Zona Euro fica com 18 países"

O Presidente da República português espera que os "gregos acabem por regressar à mesa das negociações", considerando que tal será benéfico para a Europa. Mas, se houver um incidente financeiro grego, tal não afectará significativamente o crescimento económico português, prevê Cavaco Silva.

"Eu penso que o euro não vai fracassar, é uma ilusão o que se diz. A zona do euro são 19 países, eu espero que a Grécia não saia, mas se sair ficam 18 países", disse esta segunda-feira, aos jornalistas em Paços de Ferreira, à margem da quinta jornada do roteiro para uma "economia dinâmica".

"Eu espero bem que os gregos acabem por regressar à mesa das negociações. É meu convencimento de que isso será benéfico para a Europa no seu conjunto, também para Portugal e para a Irlanda, e será benéfico para a Grécia", afirmou.

"Há muito tempo que pensava que, pela forma como os negociadores gregos estavam a actuar, as coisas iam acabar mal. Mas eu formulo votos para que a Grécia volte à mesa das negociações e continue a ser um país do euro em pleno direito", afirmou Cavaco.

"Algum contágio ocorrerá a toda a zona do euro, não apenas a Portugal, mas neste momento a União Monetária tem instrumentos que permitem enfrentar um incidente financeiro grego muito melhor do que aquilo que aconteceria há dois anos", acreditando que "o crescimento económico português não será significativamente afectado".

"Gostaria que houvesse um entendimento. Acreditar é coisa diferente", respondeu.

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, voltou a frisar esta segunda-feira que Portugal está muito longe da situação da Grécia, enumerando uma série de objectivos cumpridos pelo país, não só na altura da assistência financeira mas também no 'pós-troika'.

"Com todo o respeito, não há qualquer comparação entre a situação de Portugal e da Grécia", observou Paulo Portas.

Fim-de-semana dramático
A crise na Grécia agudizou-se no sábado, na sequência da decisão de sexta-feira à noite das autoridades gregas de deixarem a mesa das negociações, tendo o fórum que reúne informalmente os ministros das Finanças da zona euro, o Eurogrupo, celebrado mesmo uma sessão de trabalho a 18, já sem a delegação grega na sala, para discutir as "consequências" da ruptura das negociações com Atenas.

Esta terça-feira termina o programa de resgate da troika, estando para já congelada a entrega de uma parcela de 7,2 mil milhões de euros, dada a ausência de acordo sobre novas medidas a tomar pela Grécia.

No mesmo dia, expira o prazo para a Grécia pagar quase 1.600 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ficando o país em incumprimento perante este credor se a verba não for disponibilizada.

A Grécia anunciou que os bancos e a bolsa ficarão encerrados até dia 6 de Julho, dia seguinte ao referendo sobre o programa de resgate.

Os levantamentos nas caixas multibanco estão limitados a 60 euros diários.