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Livre acusa coligação de "irresponsabilidade histórica"

28 jun, 2015

Rui Tavares espera que a Europa ainda procure "uma solução que deixe a Grécia viver".

Livre acusa coligação de "irresponsabilidade histórica"

O cabeça de lista do Livre/Tempo de Avançar por Lisboa, Rui Tavares, acusou o Governo PSD/CDS de "irresponsabilidade histórica" pela forma como se posicionou nas negociações europeias sobre o futuro da Grécia.

Rui Tavares fez esta acusação no encerramento do III Congresso do Livre, realizado na Escola Secundária Padre António Vieira, em Lisboa, e deixou um apelo "a toda a gente que é decente" na Europa para que nas próximas horas se procure "uma solução que deixe a Grécia viver".

"Acusamos em particular o Governo PSD/CDS, por ter sido dos governos mais inflexíveis, mais rígidos, mais irresponsáveis", afirmou.

"Não perdoamos isso. Nós acusamos este Governo de uma irresponsabilidade histórica e nós sabemos que, antes de a História julgar este Governo, as próximas eleições julgarão, e nós queremos fazer parte desse julgamento", acrescentou.

Antes, a número dois da candidatura Livre/Tempo de Avançar por Lisboa, Ana Drago, acusou o primeiro-ministro, a ministra das Finanças e o vice-primeiro-ministro de se terem posicionado na União Europeia de forma "absolutamente vergonhosa" para "tentar salvar o seu futuro político e tentar mostrar que na Europa não havia alternativa à austeridade".

Segundo Ana Drago, Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Paulo Portas colocaram-se "ao lado da senhora Merkel" e "contra os interesses dos portugueses e do país". A ex-dirigente do Bloco de Esquerda (BE) defendeu que as negociações sobre o futuro da Grécia teriam sido diferentes "se na Europa tivesse existido um, pelo menos um, Governo decente em toda esta trajectória".

Na primeira fila da assistência estava, como convidado, o deputado e secretário-geral adjunto do PSD Carlos Silva. Nenhum outro partido com assento parlamentar se fez representar neste Congresso, que contou com a presença de cerca de 60 pessoas, e cujas intervenções finais começaram pelas 18h40.

No que respeita às próximas legislaturas, Rui Tavares pediu ao Presidente da República para que "marque as eleições o mais depressa possível" para pôr fim à actual governação e traçou condições para o apoio do Livre a um futuro Governo: "Não estamos disponíveis para descapitalizar a Segurança Social. Não estamos disponíveis para privatizações, como elas têm sido feitas. Não estamos disponíveis para que não se faça o máximo para reverter a privatização da TAP".

"Um próximo Governo em Portugal que seja apoiado pelo grupo parlamentar do Livre/Tempo de Avançar tem de se comprometer com levar a reestruturação da dívida até bem dentro do Conselho Europeu", completou o antigo eurodeputado eleito pelo BE.

Por sua vez, Ana Drago aconselhou os portugueses a terem "cuidado", alegando que a coligação PSD/CDS se prepara para aplicar "um novo programa de austeridade" em Portugal.

"Maria Luís Albuquerque já nos veio dizer que pode vir a ser necessário cortar pensões - a palavra pode eu acho absolutamente extraordinária. O ministro da Saúde já nos veio dizer: `pode ser necessário aumentar impostos para sustentar o Serviço Nacional de Saúde`", apontou.

Quanto às presidenciais, Rui Tavares disse que o resultado do referendo interno do Livre/Tempo de Avançar "foi muito claro em relação à mobilização que um dos candidatos, António Sampaio da Nóvoa, traz à política portuguesa".

Rui Tavares considerou que Sampaio da Nóvoa tem "uma ideia muito clara do que deve ser o futuro do país" e promete "uma mudança" no exercício das funções presidenciais: "um exercício que não exclui ninguém".