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"Grexit" é gerível. Reino Unido fora da UE seria "derrota para todos"

25 mai, 2015

Durão Barroso afirma que a saída ou continuidade da Grécia da Zona Euro pode ficar decidida nos próximos dias.

Uma saída da Grécia do euro (Grexit) seria negativa, mas gerível, afirma o ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso. Quanto a uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia, seria uma "derrota para todos".

Durante uma conferência promovida pela associação cívica Plataforma para o Crescimento Sustentável, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, Durão Barroso voltou a apontar uma saída da Grécia do euro como mais provável hoje do que há dois ou três anos.

"É gerível uma saída da Grécia do euro, mas é negativa do ponto de vista do precedente que abre. Portanto, se a Grécia sair do euro, não vai haver, penso, imediatamente uma turbulência dos mercados, como teria havido alguns anos atrás, com efeitos terríveis de contaminação e de contágio", afirmou o antigo primeiro-ministro.

Durão Barroso, que abordou este tema em resposta a uma questão da assistência, acrescentou: "Mas é um precedente mau, é um precedente negativo que se abre, razão pela qual deveríamos fazer tudo para evitar que tal aconteça. Haverá sabedoria do lado grego e do lado dos parceiros do euro que evite isso? Não sei".

Segundo o ex-presidente da Comissão Europeia, "a questão pode decidir-se nos próximos dias", tendo em conta a informação dada pelo Governo grego de que "não poderia cumprir o pagamento de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) já no mês de Junho se não se conseguisse entretanto um acordo".

Durão Barroso defendeu que se a Grécia sair do euro isso "não é bom para nenhum país", mas desdramatizou esse cenário: "A dar-se isso hoje, será muito diferente de que se tivesse dado no passado. Porque entretanto os outros países já demonstraram que era possível adaptarem-se, e conseguirem concluir programas de ajustamento, nomeadamente Portugal e a Irlanda. Mesmo o Chipre está no bom caminho".

"Por isso, se a Grécia hoje sair os mercados pensarão que não é tanto por debilidade do sistema, é mais por debilidade da Grécia. Também como a dívida grega hoje está essencialmente nos outros países europeus, no Fundo Monetário [Internacional] e no Banco Central Europeu, e não nos bancos, não vai haver os efeitos de contaminação que podem gerar instabilidade no sistema financeiro", sustentou.

Saída do Reino Unido "seria uma derrota para nós todos"
Para o antigo primeiro-ministro, se o Reino Unido saísse da União Europeia, em consequência de um referendo interno, isso “seria uma derrota para nós todos”, incluindo  os britânicos.

Durão Barroso argumentou que "se um país como o Reino Unido sai da União Europeia tem muito menos influência na União Europeia", e apontou a este propósito "a posição predominante na Europa" da Alemanha, que defendeu ser "uma evolução recente" e "mais por falta dos outros do que por próprio esforço".

O ex-presidente da Comissão Europeia referiu-se ao Reino Unido como "uma das grandes potências europeias e do mundo", com "uma rede internacional poderosíssima" e "forças armadas credíveis" o que, na sua opinião, "no momento actual geopolítico que se vive na Europa não é despiciendo".


"Seria, portanto, uma derrota e seria assim vista, de Washington a Pequim, se o Reino Unido saísse da União Europeia", acrescentou. "Aliás, os americanos já o disseram claramente. Os americanos desejam ver o Reino Unido na União Europeia", apontou.